TEXTO: JORNAL O TRABALHO (1906)
O numero de indigentes que actualmente andam pelo municipio, valendo-se da caridade publica, já vae merecendo que se diga algo a respeito delles.
Ha indigentes e indigentes!
Os que devidamente merecem este nome estão excluidos do assumpto de que vamos tratar, occupando-nos somente com os “pseudo-indigentes” que se acobertam, para seu viver mais commodo, sob o manto da pobreza.
A propria população desta cidade tem tido occasião de presenciar alguns destes individuos que, aptos a illudir a boa fé do publico vão explorando a nossa sociedade.
O povo sertanejo ao contrario do que pensam os forasteiros, é em geral um povo de boa indole e por demais hospitaleiro e muito se distingue por sua bondade e caracter.
Nelle encontram os exploradores um verdadeiro meio adequado a sua covicencia e exploram-n’o sem dó e sem piedade. A estes pobres fingidos que dia a dia vão minando os cofres das familias, deve ser applicado a pena do trabalho como fator do nivelamento moral e como meio digno do seu viver.
É necessario que se reaja contra os parasitas, que se expurgue de nosso centro social este elemento de degradação moral.
Sem o trabalho que dá saude e bem estar, sem o menor esforço na lucta pela existencia, a mór parte das vezes, concorrem para fomentar as orgias, o alcoolismo com suas fataes consequências, o jogo, devorador como as chamas de um incendio e toda a especie de vicios que são a ruina das sociedades.
A auctoridade que digna de seu nobre encargo tem se sabido correctamente portar-se no comprimento de seus multiplos deveres, deverá agir sem perda de tempo submetendo os taes a uma rigorosa investigação de onde poderá distribuir a justiça obrigando-os ao trabalho tão util e tão necessario.
Ahi fica o nosso justo appello.
* Fonte: Texto publicado na edição de 09 de dezembro de 1906 do jornal O Trabalho, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Midiaindependente.org.