Um dia surgiu na Cidade uma rua que, sabe-se lá quando, recebeu o nome de Juca Mandu, o coronelão José Pereira Guimarães lá de Santana de Patos. Ela começa na Major Gote e logo à frente, à direita, sai essa ruazinha onde fui construída. Até meados da década de 1960 essa pequena rua dependurada nesse barranco não tinha nome. Aí um dia botaram o nome nela de Professor João Leite, e como sendo fundos da Rua Juca Mandu. E desde quando uma rua é fundos da outra. Coisa esquisita, sô! Agora, o que não é nada esquisito, mas simplesmente cruel, é o que estão fazendo com os imóveis antigos da Cidade. Já ouvi muita asneira sobre isso, sobre essa insensata necessidade do progresso substituir os imóveis que fizeram Patos de Minas se sentir Cidade. Por que não constroem os altos edifícios ou os novos casarões lá na caixa prego, bem longe de nós, deixando-nos sentir a sensação da eternidade? Não, essas pragas tem que nos derrubar!
O Juca Mandu, pai do ex-prefeito Vicente Pereira Guimarães, o Vicente Mandu, morreu em 1932 lá na sua querida Santana de Patos. Dizem que ele disse que um dia toda essa baixada do Córrego do Monjolo seria ocupada. Alguma dúvida de que o coronelão acertou? Eu sou uma das ocupantes. Cheguei humilde, como a maioria que surgiu por essas bandas. Aos poucos, com o crescimento da família, foram me construindo cômodos e mais cômodos, aproveitando tantos os espaços que as janelas da minha frente estão quase na rua, porque isso não é passeio. E o que vejo ao meu redor? As casas antigas sendo engolidas pelos espigões! E o que sou? Antiga, muito antiga! Viram o bitelo aí de cima que vai até a Rua José de Santana? Muito já se comenta por aqui a venda de minhas colegas para serem substituídas pelo maldito progresso. É, foi-se há muito tempo o coronelão de Santana de Patos. Um dia, vou-me também. Que sobre os meus escombros surja, então, uma moderna arquitetura. Faço parte da História de Patos de Minas, e deixarei saudade!
* Texto e foto (25/12/2018): Eitel Teixeira Dannemann.