Dentre as atribuições dadas aos Municípios pela Carta Magna está a de incrementar a instrução publica, e, taxativamente, cuidar do ensino rural.
Outra lei, obriga as municipalidades a dispenderem 10% de suas rendas com os serviços de instrução.
No intuito de informar aos seus leitores como a nossa municipalidade cumpre estas disposições das leis, “Folha de Patos” visitou a Prefeitura para obter dados elucidativos.
O Prefeito Clarimundo Fonseca reorganiza gradativamente o ensino rural, que é o que mais diretamente está afeto ao Município.
Excia. instalou, em 1941, a Inspetoria do Ensino Municipal, departamento cuja finalidade é controlar todo o serviço de instrução, e imprimir-lhe diretivas de ordem tecnica. E’ seu chefe o snr. José Caixeta Frazão com quem “Folha de Patos” procurou dados e se inteirou, para transmitir aos seus leitores, do estado atual dos serviços municipais de ensino.
O conhecido professor começou expondo-nos os princípios gerais, pelos quais o Snr. Prefeito quer sejam conduzidos os trabalhos.
As cousas têm que ser dispostas de maneira que se possa obter a maxima eficiência, quer sob o ponto de vista pedagógico quer sob o ponto de vista material.
“O primeiro problema que tive que enfrentar − disse-nos o Inspetor de Ensino − foi o da organização interna da Inspetoria”.
“O regulamento interno, as instruções aos professores, a distribuição de material escolar, os programas de ensino, e os programas para o concurso de habilitação de professores, foi a tarefa mais relevante do primeiro ano de vida da Inspetoria.
A densa população rural do Município exige um esforço enorme da Prefeitura para atender à necessidade que o povo tem de escolas.
O Prefeito adotou o critério de instalar escolas nos pontos onde as mesmas se fizessem mais necessárias. Para isto, a inspetoria examina os pedidos feitos, obedecendo somente ao objetivo de melhor servir às populações. Os logares onde maior for a população escolar, receberão primeiro as escolas; e nestes pontos serão localizadas nos sitios que mais preencham as condições de acessibilidade, higiene e salubridade.
A verba, conquanto monte pela apreciavel quantia de 75:000$000 é pequena para o vulto da tarefa. O Prefeito acha que não é só a creação de escolas e sua instalação que resolve o problema do ensino rural. E’ necessário que estas escolas sejam convenientemente instaladas, em edifícios que preencham condições de habitabilidade escolar, que tenham material e que sejam dirigidas por profissionais habilitados. E nesta última parte está o mais dificil problema do ensino rural. O professor sem os necessários conhecimentos para desempenho de sua tarefa, é elemento negativo. Criar um corpo de professores rurais à altura da missão é atualmente o nosso mais alto objetivo.
O Prefeito determinou que os candidatos ao cargo fossem submetidos a um exame, perante uma banca formada na Escola Normal Oficial.
Na primeira chamada compareceram oito candidatos. O programa para este exame foi o organizado pela Divisão de Ensino Secundário para admissão aos cursos ginasiais. Na última semana de fevereiro serão os demais professores e candidatos submetidos ao citado exame.
Esta exigência da Inspetoria já deu como resultado uma melhoria consideravel no nivel intelectual dos professores.
Atualmente, mantém a Prefeitura as seguintes escolas, que, em 1941, acusavam o seguinte n.º de alunos:
Alagoas com 40. Canavial com 36. Capelinha com 37. Guimarães com 86. Leal com 88. Limão com 50. Mata Burros com 62. Mata dos Fernandes com 88. Pindaibas com 27. Ponto Chic com 50. Santa Maria com 34. Sertãozinho com 62. Carrancas com 31. Monjolinho com 40. Total 731.
Estas escolas tiveram uma média de frequência de 72, 3% durante o 2.º semestre do ano findo.
Este ano serão instaladas mais quatro escolas, cujos locais serão:
Posses, S. Luiz, Campo Alegre e Lagoa Velha. Pelos dados já chegados, a matricula para 1942 será de 1.100 alunos, mais ou menos. No intuito de sempre ter em dia o movimento de instrução primária no Município, esta Inspetoria coleciona todos os dados que lhe dizem respeito. Entre os que podemos fornecer com segurança e que atesta o rápido desenvolvimento de nossa cidade, está o que revela o numero de matriculados no Grupo Escolar “Marcolino de Barros” que é de 913 meninos. A inspetoria ainda não tem o numero de matriculados nas escolas particulares.
As escolas rurais estão sendo dotadas de abundante material didático, moveis apropriados, e aos alunos pobres a Prefeitura fornece meios para que recebam instrução.
E’ desejo do Snr. Prefeito melhorar o corpo de professores rurais, obtendo a colaboração das normalistas diplomadas pela nossa Escola que terão sempre preferência nas nomeações, quando em igualdade de condições. O professor rural percebe um ordenado de 180$000 mensais, tendo casa para moradia. O Prefeito quer organizar o quadro dos professores em classes, com variados ordenados, o que estimulará o profissional.
Tratando de dar uma organização similar ás escolas urbanas, no que diz respeito à marcha administrativa dos trabalhos, este ano a Inspetoria fez realizar exames em todas as escolas rurais, tendo sido expedidos certificados de aprovação aos alunos que terminaram cursos.
A tarefa para o ano de 1942 é muito maior do que foi a de 1941, e espero que a Inspetoria leve á vante com acerto o programa do Snr. Prefeito Clarimundo Fonseca”.
Foram estas as palavras do Snr. José Caixeta Frazão, prestando informações aos leitores de “Folha de Patos”.
* Fonte: Texto publicado com o título “A Municipalidade e a Instrução” na edição de 08 de fevereiro de 1942 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.
* Foto: Pt.pngtree.com.