Tem cidade que é destaque no cenário nacional por suas belas lagoas. Patos de Minas era para ser conhecida como a Rainha das Lagoas, tamanha a quantidade delas que aqui existiam. Havia nelas patos de várias formas e espécies que maravilharam os nossos pioneiros. Daí o nome Patos, pois a cidade surgiu à beira de uma delas¹. Como em outros centros urbanos, em Patos de Minas o progresso é como a morte: inexorável. Com ele vem o concreto e o asfalto que, associados à especulação imobiliária, avançam vorazes por campos, morros, rios, ribeirões, córregos e… lagoas. Na saída da cidade – ou entrada, tanto faz – pela Avenida Juscelino Kubitschek, seis delas já ouvem os preâmbulos dos respectivos réquiens. Enquanto apenas uma apresenta espelho d’água, as outras cinco são apenas depositárias do líquido celeste: a água da chuva. Falsamente, o Mapa de Bairros da prefeitura ostenta as seis com uma linda cor azul como se fossem realmente lagoas esplendorosas.
A de n.º 1 fica próxima ao Estádio Bernardo Rubinger de Queiróz. Outrora bela, e até piscosa, tinha um picadeiro bem no meio onde muita gente se ajeitava para pescar. Não existe mais e, totalmente seca, já está pronta para receber as novas construções do Bairro Planalto². A de n.º 2, metade no Bairro Residencial Gramado e a outra metade no Bairro Campos Elíseos, é a única das seis que mantêm um verdadeiro espelho d’água natural, mas os vestígios nada salutares ao seu redor indicam o seu nefasto futuro³. A de n.º 3, na área demarcada do Distrito Industrial II, denominada Vargem Fria, era para ser a maior e mais bela delas, e com certeza foi. Hoje, não passa de uma depressão que acolhe as águas da chuva, um verdadeiro pasto4. A de n.º 4 é a popularíssima Lagoa do Patão. Rodeada pelo Bairro Planalto e habitada por algumas pacas mantidas pelo posto de abastecimento que lhe deu o nome, está apenas esperando a oficialização de sua morte para ser invadida pela especulação imobiliária5. A de n.º 5 se encontra em piores condições que a anterior. E a de n.º 6, idem.
E assim, eis seis lagoas que outrora embelezavam esse pedaço de Cerrado e que hoje se transformaram num estorvo para o progresso. Perderam! São apenas seis, pois existem outras que aguardam o mesmo fim trágico. Chegará o dia, não muito distante no tempo, que da enorme quantidade de lagoas existentes no entorno da Cidade só restarão a Lagoinha e a Lagoa Grande. Triste legado do progresso!
* 1: Leia “Lagoa do Sítio Os Patos”, “Panorâmica na Década de 1940 com a Antiga Matriz, a Cadeia, a Igreja do Rosário e a Lagoa dos Patos” e “Panorâmica na Década de 1940 com a Lagoa dos Patos”.
* 2: Leia e veja uma foto em “Foi-se Mais Uma Lagoa”.
* 3: Leia e veja uma foto em “Mais Uma Lagoa se Aproxima do Fim”.
* 4: Leia e veja uma foto em “Vargem Fria: Foi-se Outra Lagoa”.
* 5: Leia e veja uma foto em “Bosque e Lagoa do Patão Agonizam”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Showmystreet, com edição de Eitel Teixeira Dannemann.
