Áureos tempos do Colégio Presidente Kennedy¹, do saudoso Dercílio Ribeiro de Amorim, e que hoje é o Leonardo da Vinci. Áureos tempos em que o professor era a autoridade máxima dentro da sala de aula. E lá no Presidente Kennedy havia uma professora, hoje aposentada, que era respeitabilíssima por dois simples motivos: conhecia a fundo a profissão e impunha respeito com um simples olhar. Era notória a satisfação que os alunos demonstravam quando a mestra começava a ministrar seus conhecimentos. Mas, num determinado ano, matriculou-se um aluno filhinho de papai advogado que se achava, ele, o filhinho, porque o pai era gente boa demais da conta.
E ele, o filhinho, em todas as aulas fazia algum tipo de gracinha. E a professora o admoestava severamente. Mas, como ele se considerava o tal, no outro dia vinham novas gracinhas. Reclamado, o Dercílio, que era amigo do pai do aluno, exigiu providências. Que o advogado conversou com o filho, é certo, mas que entrou por um ouvido e saiu pelo outro é mais certo ainda. E ele comprovou a máxima quando a professora marcou a data de uma prova e disse que ninguém poderia faltar no dia, exceto por um grave ferimento, doença ou a morte de algum parente próximo. Foi então que o filhinho de papai perguntou:
– Vale um extremo cansaço por atividade sexual?
A turma já iniciava um gargalhar geral quando se calou perante o sereno caminhar da pedagoga até o aluno engraçadinho. Em chegando a ele, cravou-lhe um meigo olhar e deu a sentença final:
– Não haverá nenhum problema para você nesse caso, pois a prova será de múltipla escolha. Em sendo assim, o prezado poderá marcar as respostas com a outra mão ou, o que será o mais provável, marcar as respostas em pé por estar com a bunda dolorida.
E essa foi a última palhaçada do filhinho de papai, que, de tão envergonhado, transferiu-se para outra escola. Não se sabe o que aconteceu por lá.
* 1: Leia “Colégio Presidente Kennedy em 1979”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.