É conhecido por muitos o estilo de pilotagem dos motoqueiros: doadores de órgãos em potencial. Com raríssimas exceções, e põe raríssimo nisso, são alucinados no trânsito, trafegando entre os automóveis, em ziguezague, num vai daqui e vai para acolá constante, sempre em alta velocidade, te cortando pela direita e pela esquerda, na pista de ciclistas, chegam a subir no passeio e num semáforo jamais e em tempo algum ficam atrás dos veículos, sempre à frente, quase debaixo do sinal. Para piorar, estamos vivenciando a praga dos indivíduos com baixa-autoestima azucrinando os nossos ouvidos com suas motos possantes. Mas eis que presenciei um fato inacreditável. Até agora não estou acreditando que eu testemunhei a cena. Eu acompanhei esse motoqueiro na Avenida Paracatu, Rua Tiradentes e Rua Dr. Marcolino até o PTC, quando convergi à direita. Em todo o percurso citado, ele conduziu a moto seguindo serenamente o fluxo do trânsito, sem sair de trás do caminhão, como um verdadeiro cidadão civilizado. Quase que nessa parada de sinal na esquina com a Avenida Brasil eu saí do carro para abraçá-lo. Dormi sonhando com Patos de Minas repleta de motociclistas como esse. No outro dia, voltei à cruel realidade!
* Texto e foto (17/01/2018): Eitel Teixeira Dannemann.