A Margô é uma dondoca viúva muito da mal-educada por levar todo dia sua cadelinha poodle para emporcalhar os passeios e canteiros da Avenida Getúlio Vargas¹. Mas um dia a Margô já foi Margareth. Isso foi no tempo em que ela era uma mocinha de seus lá dez anos de idade e estudava na Escola Nossa Senhora das Graças, a Escola das Irmãs. Além de muito educadinha, era uma ótima aluna, o que muito orgulhava apenas a mãe, pois o pai, com atenção exagerada nos seus lucrativos negócios, mal reparava na existência da filha. Certa vez, ela, a Margareth, chegou animada da escola e foi logo dizendo à mãe:
– A escola passou para cada classe um trabalho e por isso preciso de uma foto sua recente.
A mãe, que não gostava nada de ser fotografada, apesar de ser possuidora de atrativos físicos deveras interessantes, considerava que foto lhe deixava mais velha e isso, como geralmente acontece com 101% das mulheres, é cruel. Mas a Margô, muito da educadinha, foi com jeitinho e conseguiu convencer a sua genitora a lhe arrumar uma foto. E assim ficaram umas três horas futucando o álbum de família até que foi encontrada a foto que a mãe considerou a que mais lhe parecia jovem.
No outro dia, a Margô comunicou à mãe que os trabalhos das classes seriam apresentados no final de semana e que os pais deveriam comparecer. E assim se sucedeu. A mãe mirou o olhar no local onde estava afixada a sua foto e quando leu o título do trabalho só não teve um ataque de epilepsia porque o marido a segurou com firmeza. Estava lá escrito:
– O Que é Mais Antigo em Minha Casa!
* 1: Leia “Falta de Educação da Margô”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.