OTIMISMO EM 1969

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TEXTO: ANTÔNIO DUARTE GUEDES (1969)

O progresso de qualquer sociedade é acelerado ou diminuído conforme o período que enfrenta. Se já houve uma reunião de recursos, de conhecimentos técnicos e de administração, as realizações são frequentes e grandiosas no setor público, nas indústrias, no transporte e no comércio. Esta fase de construção material visa aproveitar as condições teóricas reunidas antes, e continua acelerada até concretizá-las totalmente. Aí então completa-se o círculo, e a comunidade recomeça a acumular recursos para nova investida no desenvolvimento. É neste período de reorganização das forças que pensamos, que planejamos, que nos preparamos para outra fase prática de construção. Como estas atividades exigem uma profundidade e uma dedicação maiores, parece que a comunidade está parada, ou que seus esforços são inúteis e decadentes. Mas não: esta impressão é errada, pois o recolhimento é importante para a acumulação de novas energias. Com êle preparamos um progresso mais rápido, pronto para criar riqueza e dinamismo. Esta época está presente na vida de todos os grupos humanos: cidades, países e civilizações. Que outra coisa significaram para a humanidade os Tempos Medievais senão uma semeadura de desenvolvimento posterior? Qual a explicação para o Brasil parado de poucos anos atrás além do progresso que está começando?

Muitos não pensam duas vêzes para chamar Patos de Minas de “lugar decadente” ou de “cidade morta”. Mas se êles meditassem a realidade sentiriam que isto não acontece. Somente estivemos recolhidos a fim de nos reaparelharmos para a luta do futuro que começa agora. De fato, quando Patos tinha reunido tôdas as condições enriqueceu como nenhuma outra terra: incentivou o comércio, criou as primeiras indústrias, recebeu forasteiros e exportou tudo, inclusive o valor de sua gente. O poder público atendeu as exigências daquelas iniciativas e vimos o calçamento, a Cemig, o aumento da água e as estradas municipais. Aí foi preciso mais um período de acumulação, o qual podemos caracterizar pela fundação de colégios, saída de dezenas de jovens para estudar nas capitais, elevação do nível profissional em todos os setores. Como o fim do tempo anterior veio com a criação do Colégio Estadual e a conquista de mais energia elétrica para as atividades que dela necessitavam, êste recolhimento tem seus últimos pontos na criação de nossa universidade, na formatura das primeiras turmas grandes de universitários patenses e na conquista de comunicações melhores: estrada asfaltada e telefone interurbano. Não podemos negar que tudo isto acontece aos poucos e com timidez. Mas é assim que se constroem obras permanentes, e a busca de perfeição do patense fara com tudo seja cada dia melhor. Criadas tôdas as condições materiais para nova arrancada, Patos recebe também seus filhos instruídos fora, ao mesmo tempo em que começará a instruir por si mesma as gerações seguintes: êste é o mérito de nossa universidade. A mecanização das atividades rurais acompanhou o aumento de crédito e as iniciativas da administração pública em tôda esta década de 1960. Com isto as estruturas já estão preparadas, e a nova movimentação da Cidade já começa a desmentir os sem-esperança.

Dêste modo começamos agora nova fase de construção positiva de nossa Patos de Minas. Podemos sentir isto em cada edifício nôvo que se levanta, em cada idéia nova que se aplica, em que dia que passa deixando sua prova de crescimento maior para a Terra do milho.

Podemos então acreditar satisfeitos e orgulhosos no futuro de nossa terra, confiantes de que ela corresponderá aos melhores cálculos dos empreendedores. Tudo isto, nas vésperas da mais uma “Festa do Milho”, é um sôpro de otimismo nas atividades de cada patense e a esperança de uma comemoração suficiente para provar a fôrça desta terra e de seu povo.

Belo Horizonte, 12 de abril de 1969.

Antônio D. Guedes

* Fonte: Texto publicado com o título “Patos e Seu Futuro” na edição de 27 de abril de 1969 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Do Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 30/06/2017 com o título “Rua Major Gote no Final da Década de 1969 – 3”.

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