Outro dia, do escritório do Dr. Mário Garcia Roza, levei uma braçada de “FÔLHA DIOCESANA”, safras de janeiro a junho. Em conjunto, impressiona a gente as talagadas de otimismo, de confiança no taco daqueles nos quais o patense deposita sua fé e sua esperança de um futuro melhor.
Com o pé direito no ano que entrava, de 1976, umas tantas esperanças na “FÔLHA DIOCESANA” de 1/1: uma mini-universidade, um centro social urbano; Oswaldo Amorim dá o toque final em matéria de fôlego – “Patos, Pólo Educacional”; somos cientificados de que em 5 de janeiro o DER-MG entregaria ao DNER o projeto do trecho Patos de Minas às divisas de Goiás, matéria que termina citando outra estrada, a Patos de Minas-Poções, recepção de prefeitos em palácio, e um fecho para a história: “Por outro lado, trata-se de uma estrada das mais importantes para a região e cuja luta (sic) existe há muitos anos. No Governo Rondon Pacheco teve início até a sua locação, mas, foi todo o serviço paralisado, cujos motivos de paralisação são totalmente desconhecidos dos patenses”.
Já no dia oito de janeiro, “FÔLHA” n.º 835, vem a notícia da construção de um prédio de muitos andares, e na abertura da nota somos lembrados de que “Patos de Minas, dia a dia, demonstra realmente ser a Capital de uma região”. Há um balanço do ano, sob o título “Patos 75”. Pelo qual sabemos que no item indústria uma única firma prontificou – a do senhor Walter Cunha – que por isso mesmo foi agraciado com o título de cidadão patense. Merecido título a quem, quando não fosse pela “eficiência e o preço do maquinário instalado”, pelo menos foi o único industrial que acreditou no potencial econômico que dormita em Patos de Minas. Na “Política e Promoção” a luta do Prefeito Waldemar em prol do fosfato “e de reverter os lucros desta exploração em benefício de Patos de Minas”.
Um cochilo natural das oficinas, produziu dois números 836, da “FÔLHA”. Os dois, com data de 15 de janeiro. Excerpto de transcrição do “Minas Gerais”, na primeira página de um dos exemplares: “A presença de técnicos da Fundação João Pinheiro, além de outros estaduais e federais, em Patos de Minas, recentemente, é uma prova dessa afirmação: eles foram aquela cidade a fim de orientar um encontro nacional com o objetivo de estudar a exploração, a extração e a comercialização do fosfato detectado na maior jazida do País”. Ao lado, Oswaldo Amorim abre o primeiro artigo sobre “Patos e o Fosfato” para terminar assim: “Mas isso não quer dizer que tudo marcha a nosso favor. Nada de ilusões. Um mundo de interesses se interpõe em nosso caminho”. O “Repórter Anotou” que: “De há muito já se sabe que o sub-solo de Patos de Minas possui um vasto lençol de tufito, mineral utilizável como fertilizante”. Termina dizendo de nossa ida ao INDI sobre o assunto e que a exploração seria feita por grupo japonês. Já o número repetido, informa que Patos de Minas será centro nacional de suinocultura, depois de contatos com a Nortthern Pig Development, de Londres.
Vem o númerio 838, noticiando que “Patos de Minas já tem área para o Distrito Industrial”; mas indaga: “Uberlândia, um Perigo?”. E a antiga São Pedro do Uberlândia provoca outra indagação: “A violenta expansão de Uberlândia poria em risco a condição de Patos de Minas como polo de desenvolvimento?”. Oswaldo Amorim chega ao final de “Patos e o Fosfato” falando da grande usina programada para a beira do Rio Grande, a maior do País. Tece considerações sobre a prioridade e maior importância de nossa roçona de fosfato, alertando: “Malgrado tudo, por que a Vale programou sua grande indústria de fertilizantes fosfatados em Uberaba, com base no minério de Araxá? Sei não, mas desconfio que debaixo do angu tem carne”.
No 839, Oswaldo volta a “Um Perigo Chamado Uberlândia”, para garantir: “Patos continua sendo o polo inconteste de uma vasta região”. Número adiante, Rafael Gomes de Almeida faz incisão: “O que nos apavora, e está se transformando em psicose, sem que ninguém perceba, que nossa cidade, tão cheia de problemas, não tenha uma liderança que postule pelo que nos cabe por direito”. É Rafael, ainda, que fala assim: “Aqui em Patos, coisas se sucedem na maneira mais incrível que se possa conceber e ninguém mesmo, levanta a bandeira do interesse comum. Coletividade, no nosso dicionário, é substantivo que define interesse de uma pessoa, no máximo duas e na pior das hipóteses, de quem está interessado em alguma solução”.
Já, a 17 de junho, a “FÔLHA”, dá conta de promessa do Ministro Dirceu Nogueira, dos Transportes, ao colega Oswaldo Amorim. Com testemunhos de vários assessores e repórteres: “Pode ficar tranquilo que Patos de Minas terá a sua ferrovia”. Mesmo Oswaldo, em “Pela Estatização e Pela Ferrovia”, joga uma primeira pá de fosfato na estatização, quanto à exploração da decantada jazida da Rocinha: “… há um dado novo na questão: a virtual exclusão da CPRM na exploração do fosfato de Patos de Minas, que até agora parecia certa…”. “Descobri uma grande resistência, em ponderáveis áreas do governo federal, à entrada da CPRM na área da exploração mineral”.
Dá gosto, ver a nossa Patos tão cheia de otimismo, da mais irrestrita confiança na gente de fora. Sempre foi assim. Ainda voltaremos ao assunto. Mostrando que nada mudou. Mas, que muita coisa muda de Patos para outros polos mais vivaldinos. Voltaremos.
* Fonte: Texto publicado com o título “Conversando com Patenses e Paturebas (I)” na edição de 15 de julho de 1976 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Benettblog. Zip.net.