Reivindicada pela Associação dos Aposentados e Pensionistas de Patos de Minas, a campanha para a moralização do trânsito de bicicletas na área central da cidade caiu no esquecimento, após provocar grandes estardalhaços no final do ano passado. Na época, o assunto gerou acirrados debates envolvendo representantes de entidades comunitárias, membros do CMT, Polícia Militar, Delegacia de Trânsito, Câmara Municipal e até o Chefe do Executivo local, prefeito Jarbas Cambraia. O nó da questão ficou amarrado na dúvida quanto a legalidade de se adotar em Patos de Minas uma Lei Municipal de Trânsito específica para o tráfego de bicicletas.
Na ocasião, ficou definido pelas autoridades envolvidas na questão que a campanha para a moralização do trânsito de bicicletas seria desenvolvida por etapas. A ação começou pelos estudantes com palestras nas escolas e distribuição de cartilhas educativas. Mais tarde, cumprindo a segunda fase da campanha, o policiamento de trânsito passou um curto período orientando os maus ciclistas nas ruas do centro da cidade. Depois a PM chegou a efetuar uma série de apreensões de bicicletas no cumprimento da etapa de repreensão, prevista na campanha. Repentinamente, todo o esquema foi desativado sem uma justificativa oficial para o fim do movimento. Desta forma, o desorganizado tráfego de bicicleta voltou a importunar os motoristas e os pedestres da cidade, causando transtornos e aumentando o número de acidentes de trânsito no perímetro urbano.
Esta é a segunda vitória das “magrelas” sobre os políticos de Patos de Minas nos últimos dez anos. Para quem não se lembra, em 1.984, quando se estimava a existência de 20.000 bicicletas em Patos de minas, a tentativa de se contar os abusos dos ciclistas, provocou a única manifestação de protesto da população contra o então prefeito Arlindo Porto que hoje é vice-governador do Estado e candidato a Senador. Atualmente, acredita-se que cerca de 40 mil ciclistas circulam diariamente pelas ruas de Patos de Minas, representando um expressivo contingente de votos que, logicamente, está na mira da classe política. Conforme uma vítima recente, atropelada por uma bicicleta em pleno passeio público, em termos de paródia, “para os políticos patenses mais vale um voto na mão do que um ciclista debaixo de um caminhão”.
* Fonte e foto: Texto publicado com o título “Vitória das Magrelas” e subtítulo “Políticos perdem outra para os ciclistas” na edição n.º 2 de agosto de 1994 da revista Diga, do arquivo de Luis Carlos Cardoso.