MAL ENTENDIDO NO CENTRO

Postado por e arquivado em CANTINHO LITERÁRIO DO EITEL.

Num dia desses quaisquer que já se foi não faz muito tempo, estava eu esperando o sinal para pedestres abrir na esquina da Rua Major Gote com sua colega Olegário Maciel onde tem uma casa lotérica. Estava lá também um pobre coitado encostado num poste pensando, quem sabe, em como explicar à mulher que gastara o dinheiro do remédio da pressão no jogo do bicho. O sujeito estava tão aéreo que o sinal já devia ter aberto umas vinte vezes e ele não percebera. Nisso, uma mulher que também estava ao lado, vislumbrou uma amiga na calçada do Edifício Abner Afonso. Pelo que pude deduzir, parecia que a tal mulher precisava urgentemente falar com a outra. Ela começou a agitar os braços sem que a amiga percebesse. Enquanto isso o coitado continuava escorado no poste, viajando numa nave espacial sem saber onde estava. A mulher que acenava percebeu que amiga não a notara. De repente, começou a gritar:

– Socorro, Socorro, Socorro!

O desvalido do poste se assustou, arregalou os olhos ao voltar à realidade. Alguns transeuntes pararam, outros só olharam e continuaram o caminho. Eu tentei descobrir o motivo daqueles gritos. E a mulher gritando:

– Socorro, Socorro, Socorro!

Agora mais transeuntes pararam, outros foram verificar o que estava acontecendo. Até o alfaiate Ari foi dar uma conferida. O do poste reagiu, já ligado nos acontecimentos, imaginou o drama e resolveu ajudar. Mas a mulher se assustou, pensando que o cara estava com más intenções e aumentou a gritaria:

– Socorro, socorro, socorro!

Nestas alturas do campeonato a amiga da gritante já estava quase no PTC e a confusão era enorme justamente porque o cara continuava querendo ajudar a mulher e a mulher gritava socorro cada vez mais alto pensando que estava sendo atacada por um louco, visto a cara do sujeito realmente se parecer com a cara de um louco. Só quando a polícia apareceu é que os ânimos se acalmaram e tudo se esclareceu. E o que aconteceu nada mais foi do que um mal entendido. O negócio é que o nome da amiga da mulher gritante é Socorro. Deu pra entender agora o porquê de toda a confusão? O coitado, ainda bem, foi liberado por justa causa.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.

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