QUANDO OSWALDO AMORIM SOLICITOU UM TEATRO MUNICIPAL

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Há – em nossa terra – um movimento no sentido de se criar um grupo representativo, capaz de nos proporcionar bom e sadio teatro. Êste movimento é encabeçado pelo CENTRO CULTURAL E ARTÍSTICO “EUCLIDES DA CUNHA” e conta com o apoio e a simpatia de um sem-número de pessoas. Acontece, porém, que a cidade não dispõe de um palco, onde pudesse ser realizadas as representações. Ficando tudo, portanto, na estaca zero.

Havia o palco do Cine Tupan, ou melhor, existe ainda, mas será brevemente desmontado para ceder lugar à tela panorâmica que será ali instalada. Pois bem, como organizar um grupo representativo, se não existe lugar adequado para a apresentação das peças? Como fazer teatro (arte), se nem teatro (prédio) existe? E que fará êsse grupo de moças e rapazes, essa plêiade de jovens idealistas e entusiastas, nessa contingência? Como poderão levar avante êsse encomiável propósito, como poderão levar a cabo essa louvável iniciativa? Sòmente com a ajuda, com a prestimosa ajuda dos poderes públicos, ou seja da Prefeitura Municipal. Entregues aos seus próprios recursos, aquelas moças e aquêles rapazes teriam fatalmente que desistir da idéia, por ficar ela condenada ao insucesso, ao fracasso.

Para que a idéia vingue, cresça e se converta em realidade, torna-se necessário que a Prefeitura Municipal de Patos de Minas a auxilie, a ajude, a ampare. Como? É óbvio: construindo um teatro municipal. Para os que argumentarem que isto seria uma sangria em nosso erário, responderemos que a nossa aspiração é tão justa quanto necessária. Não pleiteamos um teatro suntuoso, uma obra magestosa e principesca. Não. Pode ser até mesmo um barracão com uma fachada mais ou menos apresentável. Uma construção simples, mas sólida; barata, porém agradável.

A construção desse teatro, em Patos de Minas, não serviria apenas aos interêsses – aliás, nobres e altruísticos – do CENTRO CULTURAL E ARTÍSTICO “EUCLIDES DA CUNHA”, senão aos interêsses da mesma cidade. Outros grupos teatrais e também musicais seriam criados e todos poderiam utilizar-se dêsse teatro. Convém ressaltar que sua utilidade não ficaria circunscrita apenas à parte representativa – o que já seria muito –, mas que seria também de grande valia como Salão de palestras, conferências e reuniões culturais e artísticas; que se prestaria admiràvelmente para apresentações de orquestras, grupos instrumentais, côros vocais, etc.

Um Teatro Municipal traria formidável incremento ao cultivo da arte em Patos de Minas; coisa em que até agora somos extremamente pobres. Às constantes representações tornariam mais desembaraçados e desinibidos os rapazes e moças que nelas atuassem. Os estudos das peças agilizariam suas inteligências e desenvolveriam – em alto grau – suas memórias, suas capacidades de retenção. As peças, de fundo moral e instrutivo constituiriam elementos de valor para ajudar a formação das mentalidades e dos caracteres da nova geração; e também como motivo de enlevo e prazer para tôda a assistência. Sem esquecer que êle servirá – como já dissemos – para realizações de palestras, conferências e reuniões e também para apresentações de orquestras, conjuntos musicais e côros vocais.

É preciso que os poderes públicos de Patos de Minas não fiquem voltados – como o estiveram até agora – sòmente para o lado material. É necessário – enorme, extraordinariamente necessário – que êles se voltem também para o lado cultural, para maior grandeza e progresso de nossa querida cidade; para que Patos de Minas não se transforme depois em um gigante aleijado, mas cresça uniforme e harmònicamente, como uma criança robusta e sadia.

* Fonte: Texto de Oswaldo Amorim publicado com o título “Teatro Municipal” na edição de 08 de janeiro de 1955 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Bhdicas.com.

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