Ele nasceu em Patos de Minas, filho de família conceituada e respeitada em toda a região. Seus pais, Sebastião de Castro Amorim e Maria Pereira Guimarães, sempre foram considerados como representantes ilustres da sociedade patense. Os filhos do casal, ele, Oswaldo, e seus irmãos Wilson, Tioca, Carminha, Newton, Delza e os gêmeos Hélio e Elza, tiveram uma infância comum, viveram e cresceram como todos os meninos da época. Desse tempo, ficaram as velhas lembranças da fazenda Paraíso, em Santana de Patos: o açude, as caçadas de passarinhos, as suculentas jabuticabas, essas eram as preferências da criança que desde cedo demonstrou sua inclinação para a redação, para o escrever. Os estudos foram feitos na Escola Benedito Valadares, na escola de dona Madalena, na Escola Normal, e o menino Oswaldo tornou-se jovem, adolescente, rapaz, adulto, mantendo uma afetiva ligação com o pai, farmacêutico formado em Alfenas, médico do povo, sempre pronto a ajudar a quem a ele recorresse.
“A imagem de meu pai permanece viva até hoje. Ele era um homem bonachão, sem maldade, que colaborou de maneira extraordinária para o progresso desta terra. Minha mãe estudou em São João Del Rei. Sempre teve grande sensibilidade artística e foi uma das primeiras pintoras a exercer essa atividade em patos de Minas”.
O início da carreira
“Sempre fui colaborador dos jornais de Patos, Paracatu e Uberaba. Em 13 de fevereiro de 1957 fui para Belo Horizonte, onde procurei colocação no jornal “Diário de Minas”. Como não havia vaga, comecei a trabalhar de graça. Fui me aprimorando com o tempo, até conseguir um lugar ao sol. Isso foi fruto de minha perseverança, pois antigamente não existia escola para jornalista. Mais tarde consegui obter meu registro como profissional. Trabalhei em várias sucursais de jornais e revistas. Passei pela Última Hora, Diário de Notícias, Tribuna da Imprensa, Estado de São Paulo, O Globo, Jornal do Brasil e revista Veja”.
A Festa do Milho
Para a primeira Festa do Milho, em 1959, Oswaldo Amorim preparou um suplemento especial com quatro páginas, publicado pelo jornal carioca Tribuna da Imprensa. As manchetes eram “Milho também tem rainha” e “Patos de Minas despontou na epopéia dos tropeiros”. A edição, datada de 20/21 de junho de 1959, está incluída entre as mais valorizadas recordações da festa da cidade. Ela apresenta as fotos de Helena Alves, primeira rainha, e das princesas Marta Caixeta e Nívea Santos.
São Lembranças inesquecíveis que foram guardadas na mente de quantos viveram a emoção e o deslumbramento da festividade que começava naquele ano sua gloriosa caminhada e permanecem nítidas nas imagens das três moças candidatas desfilando pela Avenida Getúlio Vargas em carros com alegorias relacionadas ao milho. Pois Oswaldo Amorim utilizou o trabalho jornalístico para mostrar, há 39 anos, uma privilegiada visão do futuro, levando para o público leitor todas as potencialidades de sua querida terra natal.
A melhor reportagem
Seu melhor trabalho jornalístico foi com o homem que chefiava o cangaço ao lado de Lampião: o senhor Ferreira, da família Maranhão, morador em Lagoa Grande, em Minas Gerais¹. A reportagem foi tão boa que acabou sendo aproveitada em livros que contam a história do cangaço no Brasil. Mas outras matérias publicadas também foram importantes, como a entrevista com Garrincha e Burle Marx.
Atualmente Oswaldo Amorim reside em Belo Horizonte, depois de ter passado vários anos em Brasília. Na capital mineira o nosso maior jornalista chefia o departamento de notícias da Empresa Brasileira de Notícias. E foi no desempenho de sua atividade profissional que o patense famoso conheceu o mundo lá fora, em várias viagens internacionais.
O “patense desvairado”
Essa é a forma pela qual ele gosta de ser chamado. Por isso a preocupação com a reportagem em 1959, mostrando para todo o Brasil a primeira festa, que deu certo, e muito certo, por sinal. “A Festa do Milho foi um achado para Patos. Associei a cidade ao milho, ao sertão, à roça. Destaquei sua importância econômica. Tenho certeza de que minha ação jornalística foi decisiva para tornar a festa conhecida nacionalmente, pois os jornais alcançam um número muito grande de leitores.
A revista “O Cruzeiro”
Ela era a maior revista do país. E através dela Oswaldo Amorim tornou a propagar para todo o Brasil a Festa do Milho de sua terra. E daquela vez, de forma colorida, pois a festa não era mais regional, mas sim a Festa Nacional do Milho, graças a um decreto assinado pelo presidente Castelo Branco. Uma reportagem belíssima intitulada “Patos de Minas tem beleza em flor”, publicada na edição de O Cruzeiro de 25 de dezembro de 1965, cujo subtítulo dizia que “Em Patos de Milho o milho dá fartura e alegria: é a festa maior”. “Patos foi projetada de uma forma simpática. O povo da cidade grande valoriza”.
Isso enriqueceu a memória de nossa festa. O trabalho do grande jornalista tornou a cidade conhecida, e esse era seu intuito e objetivo. Hoje, quando se fala em Patos de Minas, a primeira lembrança é a da Festa do Milho.
Sua mensagem
“Patos de Minas é um lugar especial e meu coração continua batendo forte pela minha terra. Num futuro bem próximo seremos centro turístico, pois o atrativo maior da cidade é o seu povo. É preciso guardar esse lado bom das coisas. Nossos antepassados nos deixaram uma cidade linda, de largas avenidas e amplas praças. É preciso encher a cidade de verde, com jardins floridos. Temos um patrimônio humano, que é a nossa alegria, o nosso jeito acolhedor. Meu sonho maior são dois, na verdade. O parque do Paranaíba e a urbanização das lagoas no Trevo da Pipoca”.
Oswaldo Amorim é um patense de jeito simples e alma nobre. Ele sonha, ele fala, ele cobra das autoridades os melhoramentos de que a cidade necessita. Muitas de suas idéias e aspirações tornaram-se realidade. Oswaldo Amorim é hoje uma de nossas maiores expressões culturais. Por meio das letras ele construiu a história de nosso povo, e seu trabalho jornalístico vai perpetuá-la. São 40 anos de dedicação à imprensa escrita, onde através de jornais e revistas nosso jornalista engrandece a terra onde nasceu. Oswaldo Amorim, um grande homem, competente, humilde, patense desvairado, é GENTE DA GENTE.
NOTA: Oswaldo Amorim faleceu em 15 de agosto de 2001.
* 1: Na verdade, Sebastião Pereira da Silva, o Sinhô Pereira. Leia “Cangaceiros em Patos de Minas”.
* Fonte: Texto de Marialda Coury publicado com o título “Oswaldo Amorim, o Jornalista Patense” na coluna Gente da Gente do n.º 32 de 30 de maio de 1997 do jornal O Tablóide, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.