OSWALDO GUIMARÃES AMORIM, UM LUTADOR

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Osvaldo Amorim _ Jornalista0001Há homens que lutam pela realização de sua idéia até ao sacrifício. Isto é um fato digno da mais alta admiração. Principalmente quando esta luta vem a favor de toda uma comunidade, chegando até a esquecer-se de seus próprios interesses. Outro dia, escreviam e comentavam sobre o trabalho do Prof. Altamir Pereira da Fonseca em favor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas. Realmente, coisa admirável. Ninguém jamais conseguiu tanto em tão pouco tempo.

Outro feito digno de admiração é a luta de Oswaldo Amorim em favor de nossa terra. O seu idealismo para que Patos de Minas se tornasse cada dia mais conhecida, mais divulgada. Apesar de autodidata, e – sua cultura surpreende a quem o desconhece – manteve um jornal semanário aqui em Patos de Minas. No entanto, sentiu que o campo lhe era pequeno para expandir as suas idéias. Não era possível divulgar Patos apenas dentro de Patos de Minas. Deveria mostrar a outros o que era esta cidade plantada aqui no Alto Paranaíba, às margens direita do rio Paranaíba, numa das regiões mais ricas do Estado. Era preciso que todos tomassem conhecimento de uma cidade que os nossos antepassados nos legaram tão bonita, urbanisticamente, de ruas e praças largas. Era preciso combater o crescimento desordenado desta cidade, alertar as autoridades, pois os homens do presente não continuaram o trabalho urbanístico dos que nos procederam. Quanta coisa para alertar. Criar teatro, parques infantis, mais praças de esporte, ampliar a biblioteca pública e fazê-la mais aberta e mais acessível. Enfim, Patos de Minas precisava ser uma cidade mais humana, onde não só o patense sentisse vontade de nela viver, mais qualquer um que a ela aportasse.

Neste bosquejo de seu trabalho em favor da luta contínua em defesa da cidade, seria interessante que enumerássemos algo que é de nosso conhecimento, desde que daqui saiu, não por detestar esta Cidade, mas justamente por causa de seu ascendrado amor a ela. Daqui partiu para encontrar novos horizontes e horizontes mais amplos a fim de gritar em favor de Patos de Minas. Não queria que ela fosse cognominada de Terra do Trigo e do Diamante. Isto seria uma aberração nunca perdoável.

Foi o primeiro divulgador da Festa do Milho através de noticiários na Imprensa do País e fez um Suplemento da “Tribuna da Imprensa” já na primeira Festa do Milho, em 24 de maio de 1959. E foi um retrato de corpo inteiro da cidade e da Festa. Também, por causa de seu amor à terra patense, Patos de Minas teve um suplemento do “Diário de Minas”, pois, Oswaldo queria vê-la divulgada, não apenas na região, em Minas gerais, mas em todo o País.

Depois que transferiu de Belo Horizonte, residindo no Rio ou em São Paulo, continuou com sua preocupação em favor de Patos de Minas. Ainda no Rio, quando soube da tentativa do loteamento da Praça do Cemitério, conseguiu que não se realizasse tal fato matando a idéia no nascedouro. Tempos depois, através de suas ações e escritos, não permitiu uma construção em meio à praça.

Foi o grande articulador do vitorioso movimento para a vinda da CEMIG, dando-lhe o nome de “Operação 3-M” e, uma vez Patos de Minas bem servida de força e energia, há 15 anos atrás, trouxe aqui um grupo de empresários japoneses, tendo em vista a implantação de uma grande indústria de derivados de milho, o que, infelizmente, não foi adiante.

Hoje Patos de Minas tem seu Plano Diretor. Todos sabem que o seu idealizador e propulsor foi o próprio Oswaldo, através de vários artigos nas colunas deste jornal o que, aliás, foi reconhecido pelas autoridades municipais. E este Plano era justamente para dar à cidade a disciplina que lhe faltava e, dessa forma, garantir o seu crescimento ordenado e harmônico. E continuamente vem dando sugestões no sentido de tornar Patos de Minas, não apenas desenvolvida, mas também mais agradável, e com um desenvolvimento horizontal e vertical. Por isto, muito tem batido por uma Universidade que, no seu entender, é mais importante que a Usina de fosfato.

E Oswaldo mexe tudo. Inquieto, por natureza, chega até a ser imprudente com as suas idéias. Pois quando quer uma coisa, quer mesmo e não desiste fácil. Luta de todas as maneiras para conseguir a chegar à meta visada. A gente sente isto pela sua luta contra o perigo das enchentes do Paranaíba e como trabalha para que seja criado um parque às barrancas do Paranaíba, afim de evitar que a urbanização avance pela faixa alagável, criando condições para uma tragédia futura.

Por mexer em tudo, por usar de todos os meios de comunicação para divulgar as suas idéias, sente-se que é, às vezes, por muitos, combatido por excessiva preocupação com o futuro de Patos de Minas. No entanto, continua com a sua luta, pois tem como lema: “A vida de uma cidade não pode ser medida pela vida de uma geração. A gente passa, a cidade fica”.

Esta é, em rápidos bosquejos, a figura inquieta do jornalista Oswaldo Amorim que, se transferiu do Rio para Brasília, a fim de ficar mais perto de Patos de Minas e poder mais estar presente aqui. Por isso mesmo, depois de pouco mais de um ano na Capital Federal, sem se referir às suas férias regulamentares, aqui já veio 58 vezes, percorrendo mais de 52.000 quilômetros, só para estar presente a tudo que Patos de Minas está a dele exigir. E, semanalmente, pelas colunas deste jornal escreve sobre a cidade e, de uns tempos para cá, todo sábado, através do “Café das 4” também expande as suas idéias.

O amor tudo constrói. E Oswaldo Amorim trabalhando com tanto amor por sua terra natal, alguma coisa deve construir. Se não for agora, pelo menos para o futuro. A história é que deverá julgar. Ainda está muito cedo para isto.

NOTA: Oswaldo Amorim faleceu em 15 de agosto de 2001.

* Fonte: Texto publicado com o título “Oswaldo, um Lutador” na edição de 25 de dezembro de 1975 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

Foto: Arquivo Fundação Casa da Cultura do Milho.

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