Corria célere o ano de 1913. Era Presidente da Câmara Municipal e Agente do Executivo (Prefeito) o conceituado Dr. Marcolino Ferreira de Barros. Enquanto os vereadores Arthur Thomaz de Magalhães e Agenor Dias Maciel consideravam ser necessário arborizar a cidade “não só para seu embelezamento como também medida higiênica, atendendo o ser ela atacada por poeira e outros elementos que deturpam a sua atmosfera”, o Fiscal da Prefeitura Elias José de Sant’Anna tinha outra preocupação: cabras e cabritos soltos pelas ruas da Cidade. Para Elias, o povo já estava abusando. Na tentativa de sanar o problema, em 11 de junho ele comunicou o seguinte à população, publicado na edição de 15 de junho do jornal O Commercio:
O abaixo assignado, no cumprimento de seu dever, vem, por meio d’este, avisar aos proprietarios de cabras destreladas ou despeadas as quaes se acham vagando pelas ruas da cidade, para trelal-as ou peal-as como manda a lei, caso tenham pago o respectivo imposto; no caso contrario, retiral-as logo, bem como os cabritos desmamados que a ellas acompanham, sob pena de serem as ditas cabras e cabritos recolhidos ao curral do Matadouro Municipal.
Alguns dias se passaram e é certo que a população patense não levou a sério as recomendações do fiscal Elias José de Sant’Anna, pois a edição de 03 de agosto do mesmo O Commercio publicou esta nota:
É grande o numero de cabritos e cabras despeadas que andam ahi pelas ruas e quintaes, estragando as plantações e muros. Já ouvimos diversos queixarem se de estragos feitos por estes animaes. Chamamos, pois, a attenção do Sr. fiscal para pôr em pratica o seu Aviso de 11 de Junho p. finde.
Pouco mais de um mês após, a população continuava nem aí para o fiscal Elias, e os animais permaneciam perambulando pela cidade agora com um agravante: acompanhado por cães vadios. Mais uma vez o jornal O Commercio se manifestou, em sua edição de 28 de setembro:
É grande a quantidade de cães vadios e de cabritos despeados e destrellados que vagueiam constantemente pelas ruas da cidade, e vivem a estragar muros e as plantações ahi pelos quintaes. Não seria muito acertada uma nova e seria investida do Sr. Fiscal contra a praga d’êsses animaes?
Não se sabe exatamente o que aconteceu depois desta nova “bronca” do jornal O Commercio, isto é, se o Sr. Elias José de Sant’Anna conseguiu exercer a sua autoridade e fazer a população cumprir a lei. Fica então o ano de 1913 como aquele em que cabras e cabritos, e também cães, invadiram as ruas da Cidade.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte: Arquivo do laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Desenhosparapintareimprimir.blogspot.com.