A nossa cidade recebeu primitivamente o nome de Arraial de Santo Antônio dos Patos da Beira do Rio Paranaíba. E o fato de receber o nome Patos resultou da grande quantidade de palmípedes bravios que povoavam as numerosas lagoas nesta fértil região da margem direita do Rio Paranaíba, onde mais tarde se formaria a cidade. Quando da criação da Vila, em 30 de outubro de 1866, simplificou-se o nome para Vila de Santo Antônio dos Patos. Quando da elevação de Vila à Cidade, foram propostos a Olegário Maciel, na época deputado, os nomes Palmira, Araguari e Amambaí. Olegário, primeiramente, ouviu o povo para ver que decisão tomaria. Os três nomes sugeridos foram recusados pela população. E, com isso, em outra divisão, deram-lhe somente o nome de Patos.
O Decreto-lei n.º 311, de 2 de março de 1938, instituiu a revisão qüinqüenal do quadro territorial em que se subdivide politicamente a federação brasileira. A primeira revisão deu-se em 1º de janeiro de 1939 e a segunda em 1º de janeiro de 1944. Na ocasião da segunda revisão surgiu a questão das toponímias das cidades e vilas brasileiras. Por causa disso foi adotado um critério: as cidades que tenham o mesmo nome que uma vila, ficarão com o seu garantido, mudando o da vila. Entre duas cidades de igual nome, conservá-lo-á a mais antiga.
Surge então o problema toponímico de Patos. O nome deve ser mudado, pois existe a cidade de Patos, no Estado da Paraíba, e mais velha do que a nossa. Surge o dilema. Qual o nome a ser escolhido? A imprensa local, na época, opina que se sugira o nome para a cidade. Alguns nomes, então, foram sugeridos: Guarimbetá, Jequiaba, Pastori, Cúria, Silvânia (como homenagem ao doador do patrimônio, Silva Guerra).
Enquanto as discussões “pegavam fogo”, o decreto n.º 1.058, de 31 de dezembro de 1943, apanha a cidade de surpresa, mudando o nome de Patos para Guaratinga¹, que entrou em vigor no dia 1.º de janeiro de 1944.
Ninguém gostou do nome. Essa mudança trouxe revolta aos patenses. O jornal “Folha de Patos”, de 13 de fevereiro de 1944, bem retrata a insatisfação geral:
Rememorar Patos é um encanto; viver em Guaratinga é inquietante, instável, provocando um nervosismo que aborrece e magoa profundamente o nosso espírito. Que dia triste, profundamente triste! Ninguém recebera a notícia sem constrangimento, sem demonstração de pesar, sem dor no coração. As famílias tradicionais se uniram, manifestando o mesmo sentimento; os que vieram de fora participaram imediatamente, integralmente, da mesma tristeza; e toda gente unida sentiu perpassar na consciência o frio navalhante da realidade. Mas o espírito antigo e tradicional há de triunfar. O Poder público, por certo, vai responder ao nosso apelo. O nome da terra onde nascemos deve ser venerado como o nome de nossa mãe. Deus praza, o poder competente se amerceie de nós, retornando o nome que jamais se apagará da memória de quem aqui nasceu ou tão somente viveu. Sim, de Patos a Guaratinga há um abismo de proporções incomensuráveis.
Diante desta insatisfação geral, o prefeito Clarimundo José da Fonseca Sobrinho e o Cel. Osório Dias Maciel lideraram o movimento para a volta do antigo nome. Já que não poderia ser simplesmente Patos, que fosse Patos de Minas.
O governador Benedito Valadares, ao saber que o nome Guaratinga não havia agradado ao povo, acabou restabelecendo o nome querido. Em complemento do Decreto 1.058, em 3 de julho de 1945, caracteriza a denominação deste município sob a forma de “Patos de Minas”, para alegria geral da população patense. De agora em diante, seria, mais do que nunca Patos, e Patos de Minas².
* 1: Newton Ferreira da Silva Maciel comenta que a palavra “Guaratinga” tem o significado de “lobo branco”, do Tupi-Guarani, guará (lobo) e tinga (branco). Tal designação era detestada por todos os munícipes, uma vez que não havia aqui nenhuma ligação com lobo e, quanto mais, branco.
* 2: Leia “Patos de Minas Mudará de Nome?”, “Dia em que Patos Deixou de Ser Patos – 2” e “O Patense Agradece o Retorno ao Nome Original da Cidade”.
* Texto e Foto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fontes: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam; Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca; Patos de Minas: Capital do Milho, de Oliveira Mello.