Além da antiga Matriz, existiu em Patos de Minas outra capela, a qual, com o tempo e com o crescimento da religiosidade e da população, seria demolida e reconstruída em outro local e se tornaria a segunda Paróquia da cidade. Trata-se da capela e igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Sua construção deve ter sido levada a efeito entre 1864 e 1870. Em seu relatório sobre a situação da Paróquia, de 1864, o padre Manoel de Freire Brito não faz referência à capela do Rosário. Já em 1870, ao traçar os limites da vila nas posturas municipais, o major Jerônimo Dias Maciel cita o Largo do Rosário.
De acordo com o Arquivo da Cúria Diocesana de Patos de Minas, em 1892, padre Getúlio Alves de Melo, escrevendo a Dom Eduardo, afirma que existia a “igreja do Rosário, ainda não concluída” e que, em 1876, Dom Joaquim havia aprovado a construção de uma nova Matriz no Largo do Rosário. Portanto, a existência do Largo do Rosário é prova de que ali existia uma capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário. No entanto, ela teria sido substituída por outra construção, a qual, em 1892, ainda não estava concluída. Em 1886, o vereador Eliziário propõe que se nomeie uma comissão “para tratar das obras da Igreja do Rosário”, sinal de que ainda havia muito a se fazer.
No ano de 1892, decide-se construir um “novo templo para Matriz no largo do Rosário”. Em reunião realizada no dia 16 de agosto daquele ano, convocada pelo Vigário, foi aprovada a planta e o orçamento do novo templo. Foi formada também uma comissão composta pelo Vigário e por muitos outros membros, entre os quais, Joaquim Borges de Oliveira e Olegário Dias Maciel. Eles ficaram encarregados de arrecadar donativos e Eduardo Ferreira Noronha ficou responsável pela administração das obras.
A idéia da construção da nova matriz empolgou o Vigário, uma vez que, em 10 de dezembro de 1892, ele escreveu ao bispo, pedindo autorização para se fazer a troca da sede da antiga igreja Matriz de Santo Antônio para a nova igreja Matriz do Rosário. No entanto, tudo indica que o pedido não foi atendido.
Com a instalação do regime republicano em 15 de novembro de 1889, o Estado passou a não ter mais responsabilidade alguma sobre construções e reformas de igrejas, ficando a cargo dos paroquianos. Isso desanimou o padre Getúlio. Escreveu ao bispo, em 1905, dizendo estar “tratando só da construção da Capela do Rosário”. No relatório de 1910, Cônego Getúlio simplesmente afirma que existe na sede uma Capela de Nossa Senhora do Rosário, que a Matriz é uma “Igreja pequena, sem arquitetura” e que esta foi “há pouco consertada, achando-se em bom estado”.
Monsenhor Manoel Fleury Curado assim descreveu a situação em que encontrou a Capela do Rosário: “Quando aqui cheguei, em 28 de fevereiro de 1920, existia nessa cidade, em frente à Matriz, num alto, próximo ao jardim, com o fundo de alinhamento da Rua Olegário Maciel, uma capela, sem torre, pequena, dedicada ou sob o título de Nossa Senhora do Rosário”.
Cônego Getúlio era contrário à demolição da capela. Mas, depois de sua morte (19 de novembro de 1919), a capela foi ao chão um ano depois, com autorização diocesana, condicionada à construção de outra, no Cemitério Municipal. Mas como era de grande importância o término da construção da Santa Casa de Misericórdia, o material foi desviado para aquela obra.
No dia 5 de maio de 1920, a Câmara Municipal aprovou um projeto de autoria do vereador Pio de Melo Ribeiro “autorizando o Agente Executivo a entrar em acordo com o Bispo de Uberaba para a retirada da Igreja do Rosário no Largo do mesmo nome”. Monsenhor Fleury registra no Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio que “a dita capela, apesar da indignação do povo católico da paróquia, foi demolida em junho de 1920”.
Um casal devoto, Emygdio de Souza Luiz e dona Cândida (Maria Cândida de Souza), cumprindo uma promessa, doou o terreno para a construção da igreja, na Avenida Paracatu. A primeira pedra foi assentada em 14 de agosto de 1926, em cerimônia oficiada pelo cônego Manoel Fleury Curado. Na solenidade, Frei Salvador Braz, dominicano do convento de Uberaba, falou a uma grande assistência de fiéis.
Além dessa doação, Emygdio de Souza mostrou-se incansável, promovendo tômbolas, angariando donativos, realizando mutirões de pedreiros, até ver a obra terminada. A Igreja do Rosário da Beira da Lagoa foi aberta ao culto em 20 de outubro de 1929.
Nos primeiros anos, por falta de coadjutores, o templo só era aberto por ocasião das festas da Virgem. Em 1936, com grandes solenidades, os lagoenses receberam a imagem de São João Batista, que ganhou altar na Igreja do Rosário. O cônego Fleury notou que os traços da imagem não correspondiam à clássica figura do Precursor. Resolveu, então, que nela se fizessem alguns retoques, executados pela esposa do popular Capilé, exímia santeira e pintora de ex-votos.
A festa anual de São João Batista da Beira da Lagoa começou a sobrepujar, em popularidade, à de Santo Antônio. As famílias do bairro, de Manoel Belisário, os Pereira, Rocha Filgueira, Souza, Manoel Luiz, Basílio Leal, João Maria, Altina Corrêa, Antônio Espanhol, e outras, não mediam esforços para o sucesso da festa de 24 de junho. Um detalhe ficou inesquecível: os espetáculos pirotécnicos montados pelo baiano João Senhorinho do Bonfim, festeiro perpétuo de São João. No mês de junho, ele deixava seu trabalho na máquina de beneficiar arroz e no Fórum, para dedicar-se, exclusivamente, a montagens de coroas, rojões, morteiros e uma alegoria luminosa ao santo, espécie de apoteose das festividades.
Tão logo chegaram a Patos em 1937, os padres Capuchinhos passaram a responder pela Igreja do Rosário até que fosse construída a igreja de Santa Terezinha, no bairro Brasil, em 1940. Em casa alugada a Lázaro Pereira da Fonseca, na antes Rua Paracatu, foram residir frei Antônio de Gangi, frei Odorico Ressutano, frei Conrado de Troina e o irmão Leão.
A Paróquia de Nossa Senhora do Rosário foi criada em 02 de março de 1948 por Decreto de Dom Alexandre Gonçalves do Amaral. O primeiro sacerdote a trabalhar na nova Paróquia foi Padre João Valim, sendo substituído por Padre Clóvis Santana, ainda em 1948.
Em outubro de 1955, por ocasião da instalação da Diocese de Patos de Minas, a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Patos de Minas era atendida pelo Padre frei Rosário de Castelbuono, o qual foi substituído por Padre Geraldo Corrêa da Silva Loureiro (1960-1963) e por Padre Antônio Dias dos Reis (1963-1967).
Naqueles idos de 1967 a capela era conhecida pela população como “Igrejinha do Rosário”. Foi nessa época que chegaram os Padres Claretianos (1º de janeiro). Com o passar dos anos eles perceberam que a construção não atendia mais à necessidade dos fiéis. Decidiu-se então pela construção de uma nova igreja no mesmo local. Essa reconstrução iniciou-se em 1976. Pronta a obra, os Padres Claretianos entregaram a Igreja à Diocese, em 1979, sendo nomeado Padre Isael dos Reis.
A Igreja do Rosário já passou por diversas reformas, sendo que a mais recente, com mudança significativa no estilo arquitetônico, está nos seus arranjos externos finais, tendo sido aberta ao público no dia 12/04/2015.
* Fontes: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca; Patos de Minas: Capital do Milho, de Oliveira Mello; A Igreja em Patos de Minas, de Oliveira Mello; A História da Diocese de Patos de Minas, de Nilson André Gonçalves.
* Foto: Panoramio.