INAUGURAÇÃO DA IGREJA DO ROSÁRIO NA AVENIDA PARACATU

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ROSARIONum relatório de 1910, Cônego Getúlio afirma que existe na sede uma Capela de Nossa Senhora do Rosário¹, que a Matriz² é uma “Igreja pequena, sem arquitetura” e que esta foi “há pouco consertada, achando-se em bom estado”. A primitiva capela ficava localizada na hoje Avenida Getúlio Vargas. Monsenhor Manoel Fleury Curado assim descreveu a situação em que encontrou a Capela: “Quando aqui cheguei, em 28 de fevereiro de 1920, existia nessa cidade, em frente à Matriz, num alto, próximo ao jardim, com o fundo de alinhamento da Rua Olegário Maciel, uma capela, sem torre, pequena, dedicada ou sob o título de Nossa Senhora do Rosário”. O local, por causa da Capela, era denominado de “Largo do Rosário”.

Houve muita movimentação para a derrubada da velha capela e a construção de outra. No dia 5 de maio de 1920, a Câmara Municipal aprovou um projeto de autoria do vereador Pio de Melo Ribeiro “autorizando o Agente Executivo a entrar em acordo com o Bispo de Uberaba para a retirada da Igreja do Rosário no Largo do mesmo nome”. No entanto, Cônego Getúlio era contrário à demolição. Mas, depois de sua morte (19 de novembro de 1919), a capela foi ao chão pouco tempo depois (em junho de 1920), com autorização diocesana, condicionada à construção de outra, no Cemitério Municipal. Mas como era de grande importância o término da construção da Santa Casa de Misericórdia, o material foi desviado para aquela obra.

Então, um casal devoto, Emygdio de Souza Luiz e dona Cândida (Maria Cândida de Souza), cumprindo uma promessa, doou o terreno para a construção da igreja, na Avenida Paracatu. Enfim, no dia 20 de outubro de 1929, inaugurou-se a Nova Igreja do Rosário³, fato devidamente registrado numa matéria do jornal Gazeta de Patos:

Realizou-se no dia 20, domingo, a bençam inaugural da nova igreja de N. S. do Rosario no aprazível bairro da Beira da Lagôa, desta cidade.

A’s 8 horas da manhan d’aquelle dia partiu da nossa velha matriz o andor conduzindo em procissão a devota imagem da Virgem do Rosario. A essa procissão compareceu um consideravel numero de pessoas que ao som da harmoniosa corporação musical Santa Cecilia, devota e respeitosamente acompanhou a bella imagem de N. S. do Rosario a collocar-se no throno do altar da sua artistica  capella.

Em chegando a procissão á porta da nova igreja, cujo frontispicio já acabado é de magestoso effeito, procedeu o Revmo. Vigario á bençan da mesma, começando do lado de dentro, com a bençam do interior e do altar mòr.

Logo em seguida foram bentas os novos paramentos e demais utensilios do culto sagrado, que foram doados á nova igreja pelas Senhoras Catholicas de Patos. Após a bella e significativa cerimonia da bençam, seguiu-se a Missa acompanhada, no côro, por lindos cânticos sagrados.

7Ao “Lavabo” o Revmo. Vigario dirigiu a palavra ao povo que enchia a nova igreja, dizendo que num espaço de tempo relativamente curto, graças á visivel protecção de N. S. do Rosario, a generosidade dos catholicos de Patos havia construido aquelle templo, que sob todos os pontos de vista ultrapassava a antiga capella do Rosario ha dez annos demolida. Com grande enthusiasmo e esperanças fôra lançada a primeira pedra fundamental d’aquelle novo templo, no dia 14 de Agosto de 1926, e no dia 20 de Outubro de 1929, com grande satisfação do bom povo de Patos, era o mesmo bento e entregue ao culto publico. Disse que com essa inauguração passava Patos a possuir mais uma casa de oração. Casa de Deus e Porta do Céo. Quiz o Revmo. Vigario pôr em destaque o nome do Snr. Emygdio de Souza Luiz que tem sido, desde o começo das obras, o propulsor e alma d’aquelle construcção, tal a sua dedicação e operosidade em prol da nova igreja do Rosario. O exemplo do Snr. Emygdio, pelo seu unico interesse que era o amor á Virgem Santissima, tornava-se digno da imitação dos bons catholicos.

Referiu-se anida o Revmo. Vigario aos dignos officiaes que teem trabalhado naquella construcção, os Snres. José de Mello Sumbem e Justino Martins, os quaes com admiravel constancia e proficiencia teem exercido as suas habilidades naquella obra santa. Por ultimo agradeceu S. Revma. a todos que teem auxiliado a construcção d’aquella igreja e quiz accentuar de um modo especial a boa vontade efficiente que nunca faltou da parte de todos aquelles que, ou espontaneamente ou solicitados, deram o seu maior ou menor auxilio, quer em dinheiro, quer em prendas.

A nova igreja do Rosario, que é de estilo gothico e toda de tijolos, construcção solida e elegante, é bem espaçosa, e pelas suas grandes janellas ogivaes com vidros de cores, atravessa abundante luz solar produzindo um bello effeito no interior da mesma.

Embora já em funccionamento a nova igreja, comtudo ha muita cousa ainda a fazer, como sejam o revestimento das paredes por dentro e por fóra, abóbodas, pavimentação e ladrilho, altares lateraes, etc. Aos poucos, a dedicação do Sr. Emygdio, correspondida pela generosidade  dos catholicos de Patos, ha de conseguir o que falta para completa conclusão d’aquelle novo templo, que já constitue um bello ornamento do bairro onde está situado.

* 1: Leia “Capela do Rosário”.

* 2: Trata-se da antiga Matriz demolida em 1965.

* 3: Leia “Histórico da Igreja do Rosário”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Edição de 1.º de novembro de 1929 do jornal Gazeta de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto 1: Nossa Senhora do Rosário, de Eucaristiaopaodavida.com.

* Foto 2: Terreno doado por Emygdio de Souza Luiz, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 02/02/2013 com o título “Avenida Paracatu na Década de 1920”.

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