CÃES ABANDONADOS: PROBLEMA INSOLÚVEL

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2Cães abandonados pelas vias e logradouros públicos não é um problema exclusivo de Patos de Minas. Sujeitos a todo risco de doenças, acidentes e maus tratos, surgem na maioria das vezes pela falta de conscientização das pessoas com a posse responsável e falta de controle de natalidade. Crias indesejadas ou não programadas tem tudo para aumentar a população de cães abandonados e todas as suas consequências.

A vida de um cão de rua não é nada fácil. Entre os carros de movimentadas ruas, ele é xingado, chutado, recebe baldes d’água na cabeça e é alvo até mesmo de bombinhas. Seu momento de maior tranquilidade é enquanto caça no lixo alguma coisa para comer. A vida de um cachorro de rua está longe de ser reduzida aos prazeres de comer e dormir e mostra-se muito mais cruel e sofrida do que conseguimos imaginar.

É certo que em todo surgimento de um povoado o cão esteve presente. Assim foi com Patos de Minas, e no surgimento do povoado esteve atrelado o cão abandonado, um problema que o passado mostra ao presente ser insolúvel. Em sua edição de 17 de abril de 1915 o jornal “O Riso” comenta: Ouve-se diariamente nas ruas e praças da cidade um infrene ladrar de cães, quando não o seu uivar tetrico e pavoroso, produzindo em nossos nervos choques tremendos, dolorosa electricidade¹. Adiantando um pouco o tempo, em 03 de maio de 1942 o jornal “Folha de Patos” publicou: O grande número de cães abandonados pelas ruas da cidade – e a ausência de campanhas de vacinação contra raiva – tem preocupado a população patense. Infelizmente, nestas condições, estes animais se tornam uma ameaça real para crianças, adultos e idosos².

Ano após ano, cães de rua se vão para a eternidade e vários outros os substituem, numa roda-viva insolúvel. Prova é que em 1996, um Médico Veterinário responsável pelo Centro de Controle de Zoonoses, Dr. Kleiber Ronan, teve um artigo seu sobre o assunto publicado na edição n.º 02 de 16 de maio do jornal “O Tablóide”:

Rua Tiradentes, 10:00 horas da manhã, um cão arrasta um saco de lixo rasgado, sujando e enfeiando toda a rua.

Praça do Mercado, 18:00 horas, uma cadela no cio sobe pela Rua Padre Caldeira e é seguida por uma legião de machos, que vez por outra brigam entre si pelo direito de se aproximar da pretendida, colocando em risco a segurança de quem passa por perto.

Cenas como essas, comuns em toda a cidade, vêm aumentando ultimamente e são motivos para reclamações constantes feitas ao Centro de Controle de Zoonoses, o que nos leva a mudar de estratégia.

Nossa ação sempre foi em cima dos cães doados, mas agora vamos começar a fazer captura dos cachorros encontrados soltos pelas vias e logradouros públicos.

Esses animais serão recolhidos ao depósito do Centro de Controle de Zoonoses e ficarão à disposição do proprietário ou representante legal por um período mínimo de 48 horas, após o que serão dados a interessados ou então sacrificados.

Pretendemos com isso diminuir a população de cães vadios na cidade, pois além de serem causadores de várias doenças, como leishmaniose e verminoses, eles em nada contribuem para o bem estar da população em geral.

Solicitamos aos senhores proprietários de cães que os mantenham presos ou devidamente atrelados ao saírem nas ruas, pois a lei permite, inclusive, a cobrança de taxas para liberá-los; além do mais, o dono é responsável pelos danos e acidentes que venham a ser ocasionados por seus animais.

De 1996 a 2015 foram-se 19 anos. É fácil perceber hoje que nenhuma ação efetuada pelos órgãos competentes gerou resultados positivos. A afirmação é justificada através da matéria de Jessica Andrade publicada em 10 de julho no jornal virtual “Patos Já”:

A grande quantidade de cães abandonados nas ruas de Patos de Minas, continua sendo alvo de reclamações. Relatos de pessoas indignadas com a situação tem sido cada vez mais frequentes. Tanto com a questão do sofrimento dos animais que percorrem as ruas da cidade, quanto com o risco que muitos deles oferecem a saúde.

No Centro, frequentadores da Praça Desembargador Frederico, reclamam da presença dos animais de rua, que incomodam as pessoas, principalmente os usuários do transporte público, que ficam esperando o ônibus no local. O promotor de vendas Erlito dos Santos, está indignado com alguns vários problemas relacionados a praça. Segundo ele, os cães bagunçam as lixeiras e pulam nas pessoas.

O mesmo acontece com o vendedor Lázaro Luís, que se vê em meio a um dilema. Ele não sabe se o ato de alimentar e oferecer abrigo aos animais são atitudes corretas, pois os bichinhos incomodam e já chegaram a atacar algumas pessoas.

Ele conta que intimidados alguns cães acabam atacando quem se aproxima. Eles pedem que a prefeitura de Patos de Minas que tome alguma providencia e destine algum local apropriado para que os animais fiquem alojados e possam receber os devidos cuidados.

A ASPAA, que abriga animais abandonados, sozinha não consegue solucionar a situação. Um canil municipal com a estrutura adequada para abrigar tantos animais, seria o caminho correto para tentar pelo menos amenizar o problema da superpopulação canina, que cresce rapidamente.

A certeza que se estabelece firme no pensamento do cidadão é: Eis um problema que nunca será solucionado!

* 1: Leia  “Cães de Rua em 1915”.

* 2: Leia  “Cães Abandonados: Problema Antigo”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: G1.globo.com.

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