O historiador patense Geraldo Fonseca, autor do livro “Domínio de Pecuários e Enxadachins”, escreveu o artigo “Que se Resguarde a História de Patos”, publicado na edição n.º 82 de 15 de dezembro de 1983 da revista A Debulha¹. Ele comenta sobre a numeração de ruas da cidade:
Lembrei-me há poucos dias… não é que eu sou um dos dois pioneiros do serviço de numeração das casas em Patos de Minas! Foi há bastantes anos atrás. Trabalho iniciado por Ruy Correia da Costa e eu, na administração Jacques Corrêa da Costa. Com uma trena e um caderno, Ruy e eu íamos de rua em rua, de casa em casa, realizando a competente medição, anotando tudo para o afixamento das primeiras placas numerativas. Foi aquele o meu primeiro emprego, público, de efêmera duração.
Com o progresso e crescente desenvolvimento de Patos de Minas, o pioneiro trabalho de Geraldo Fonseca e Ruy Correia da Costa não teve uma correspondência adequada para a formatação de uma sequência numeral lógica. Tanto que a edição n.º 61 de 15 de dezembro de 1997 do jornal O Tablóide publicou uma matéria (com o título “Números Misteriosos”) que cobra das autoridades competentes a solução do problema:
Alguém procura o número tal da rua tal e descobre surpreso que a numeração de várias de nossas ruas é uma verdadeira gangorra, que sobe e desce conforme a vontade do proprietário. A Major Gote, por exemplo, é uma das mais complicadas, já que os imóveis nela existentes são identificados por duas seqüências numerais: do bairro Alto Caiçaras até a Volks² e dali até o seu final, na Dipam. Assim, caso o número procurado seja o 300, quem é que sabe se ele fica de lá ou de cá do marco divisório em que se transformou a praça Champagnat?
Mas a tentativa de normalizar essa situação é um problema sério, pois a maior parte dos proprietários não concorda com a alteração do número de sua casa. E como essa discordância pode representar alguma dor de cabeça para os que normalmente deveriam estar preocupados com o disparate que se observa na Barão do Rio Branco, outra rua onde qualquer um fica perdido quando precisa localizar alguém pelo número de seu endereço, as coisas vão ficando como estão.
A solução para esse estado de coisas compete à Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores. Basta uma lei que atenda os interesses da comunidade, e não apenas de um morador isolado, uma vez que o interesse comum se sobrepõe ao individual. A responsabilidade pela iniciativa pertence à Sub-Secretaria de Urbanismo. O interesse dos Vereadores pela matéria também é essencial. A adoção de uma seqüência numeral lógica nas ruas da cidade é, portanto, uma providência fácil de ser tomada, bastando que para isso apareça a tal da “vontade política” da qual todo mundo fala, mas ninguém explica o que, na verdade, ela representa.
O tempo passou, não houve “vontade política”, e a sequência numeral lógica nas ruas da cidade não aconteceu. É fácil o cidadão reparar em qualquer bairro a desorganização. A foto, de uma casa localizada à Rua Major Jerônimo, é apenas um exemplo de que a problemática não se restringe apenas em sequência ilógica, pois o endereço tem dois números.
* 1: Leia “Que se Resguarde a História de Patos”.
* 2: Na Praça Champagnat, em frente ao Marista, hoje é uma concessionária da Chevrolet.
* Texto e foto (12/07/2015): Eitel Teixeira Dannemann.