ALONSO SANTOS E O CARNAVAL DE ANTIGAMENTE

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DSC02226 - CópiaAntigamente a festa de Momo era bem diferente e quem confirma isso é o Sr. Alonso dos Santos. Ele se transferiu de Araxá para Patos aos vinte anos de idade e aqui se casou com Guardina Porto, com quem teve seis filhos: quatro homens e duas mulheres.

Desde que aqui chegou Alonso Santos passou a brincar no carnaval devido à animação que o contagiou. Corria a década de 1940 e existiam dois locais onde a sociedade patense brincava prá valer. Eram os clubes Tupan e Recreativa, com um detalhe: quem ia num clube dificilmente ia no outro. Explica nosso amigo Alonso: “Tupan era do pessoal da UDN e a Recreativa do PSD. A rivalidade era grande. Eram comuns os blocos de 5 a 10 garotas, sempre muito animados”.

Os bailes carnavalescos contavam com animação de orquestras locais. No Tupan, a turma dos Bernardes. Na Recreativa, o pessoal do Zico Campos. Na rua todos se misturavam, em blocos ou individualmente. Lembra Alonso Santos: “Todos usavam o ‘lança-perfume’ (que vinha em embalagem de vidro ou metálica), alguns até cheiravam. Esses eram poucos. A maioria só brincava jogando uns nos outros. Era uma beleza. No olho ardia muito mas passava logo com uma boa soprada”.

De acordo com o depoimento do ex-Rei Momo, Alonso Santos, as músicas executadas eram somente composições carnavalescas, feitas exclusivamente para o reinado de Momo. Muitas marchinhas, frevos e sambas ficaram famosos e até hoje são lembrados. “Naquela época o pessoal dançava nos bailes carnavalescos, hoje só pulam”, ressalta Alonso.

O entrevistado foi escolhido Rei Momo do Carnaval Patense em 1946, por indicação. Consideravam muito a animação do folião e não necessitava ser gordo. As fantasias eram elegantes. Alonso confirma que depois do casamento encerrou a “carreira”. “A minha esposa não gostava muito. A última vez foi num baile da Rádio Clube (que promovia grandes bailes de carnaval) na rua Major Gote, onde hoje é a Loja Mig. Lá ele foi com a esposa. Alonso exibia um elegante smoking, gravata borboleta e tudo. Aí encerrou a sua participação no carnaval.

Alonso Santos acha que hoje se gasta muito dinheiro. No seu tempo com poucos recursos se colocava um bloco na rua ou se fazia uma fantasia e todos ficavam animados. Se divertiam a valer. Cada um fazia a sua fantasia e pronto. “Me diverti muito, graças a Deus”, gaba-se o conhecido Alonso. E a gente, que não viveu naquele tempo, fica mesmo com inveja.

* Fonte e foto: Texto publicado na coluna Centenário de Patos com o título “O Carnaval de Patos” na edição 16 de fevereiro de 1992 do jornal Folha do Paranaíba, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

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