Antônio Alves de Souza (Tonhozinho da Catiara¹) nasceu em Bom Despacho no dia 17 de julho de 1893, filho de Olegário Archanjo de Souza e Cecília Alves Machado. Na condição de filho primogênito de uma numerosa família (nove filhos), com o intuito de trabalhar e ajudar os pais saiu de Bom Despacho, a cavalo, ainda jovem, em 30 de novembro de 1910, aos dezessete anos de idade, indo para Bambuí-MG, onde se empregou com o Sr. Alfredo Santos, negociante atacadista de origem portuguesa.
Com a interiorização da linha férrea, veio no final de 1911 para a Estação de Perdição, hoje Tapiraí, inaugurada naquele ano e hoje desativada, onde ficou até o final de 1912, passando para a Estação de Urubu, hoje Campos Altos, inaugurada em 1912, indo de lá para Guaraciaba, hoje Tobati, inaugurada em 1913, daí para São Pedro d’Alcantara, hoje Ibiá, também inaugurada em 1913. Este ramal ferroviário até Ibiá pertenceu às seguintes empresas: Estrada de Ferro Goiaz de 1913/1920, Estrada de Ferro Oeste de Minas de 1920/1931, Rede Mineira Viação 1931/1965, Viação Férrea Centro Oeste 1965/1975, Rede Ferroviária Federal S/A de 1975/1996, Ferrovia Centro-Atlântica 1996/até os dias atuais. Em Ibiá foram construídos dois ramais, um em direção à Uberaba e outro em direção a Catiara.
Nesta época, ainda trabalhando com o Sr. Alfredo Santos, começou a viajar, a cavalo, por uma vasta região: Patos, Carmo do Paranaíba, São Gonçalo, João Pinheiro, Presidente Olegário. Em 1915, mudou-se para a Estação de Lavrinha, hoje Catiara, cuja estação foi inaugurada em 29 de novembro de 1916. Diferentemente das estações citadas anteriormente, a de Catiara, foi construída pela Estrada de Ferro Oeste de Minas, que operou de 1916/1931. Esta ferrovia tinha seu início em Angra dos Reis/RJ, percorrendo várias localidades do Estado do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, até chegar a Catiara, de onde seguia para o Estado de Goiás, com estações nas seguintes localidades: Salitre, São Benedito, Patrocínio, Folhados, Macaúbas, Celso Bueno, Monte Carmelo, São Félix, Macacos, Douradoquara, Grupiara (no Estado de Minas Gerais ) e Três Ranchos, Ouvidor, Catalão e Goiandira (no Estado de Goiás). Muitas das estações existentes neste percurso (Angra dos Reis/Goiandira) acabaram se transformando em cidades. Com a construção de um novo ramal entre Patrocínio e Araguari foi desativado o trecho entre Monte Carmelo e Catalão.
Em 1919, após deixar o emprego anterior, começou a trabalhar na empresa atacadista Furtado e Oliveira, em Catiara, onde permaneceu até 1922. Neste ano casou-se com Argentina Di Donato, nascida na Itália em Mosciano Sant’Angelo, Provincia de Teramo, na região Abruzzo, em 28 de dezembro de 1899, filha de Francesco Di Donato e Tereza Martini Di Donato, que após o casamento passou a assinar Argentina Di Donato Souza.
Em setembro de 1922, associou-se com Amir Rangel na firma A. Rangel e Souza, no ramo de atacado e varejo de secos e molhados, com quem permaneceu sócio até 1927. De 1927 a 1933 negociou por conta própria no mesmo ramo.
Em 1933, transferiu residência para Belo Horizonte, onde permaneceu até 1938, ocasião que voltou para Catiara, tornando-se sócio de Joaquim Santos Oliveira, na firma Oliveira e Cia., no ramo de compra, venda, consignação e imunização de cereais, tendo inclusive uma bomba de abastecimento para fornecimento de gasolina. Após a dissolução da sociedade Oliveira e Cia., em 1943 implantou uma empresa de transportes de passageiros de Patos a Catiara, de grande importância na época, visto que todas as pessoas da região (João Pinheiro, Paracatu, Presidente Olegário, Patos, São Gonçalo, Carmo do Paranaíba, etc.) para se dirigirem aos centros maiores tinham que viajar de trem através da Estação de Catiara, cujas reservas de passagens e leitos eram efetuadas através da Auto Viação Catiara Patos de sua propriedade.
Em 1945, estendeu sua empresa até Araxá, passando então a transitar na linha Patos – Araxá via Catiara, estabelecendo também outra empresa na linha de Araxá – Barreiro. Ambas foram de sua propriedade até 1952. Após se desfazer das empresas de ônibus, adquiriu um terreno em Patos de Minas, nas proximidades do PTC – Patos Tênis Clube, e do antigo Moinho de Trigo onde hoje funciona uma revenda de automóveis, tendo em seguida iniciado a construção de oito casas, denominada Vila Argentina, em homenagem a sua esposa.
Em 22 de outubro de 1953, já com 60 anos de idade, mudou-se definitivamente para Patos de Minas, onde permaneceu até sua morte repentina em 25 de dezembro de 1971.
No período em que viveu em Patos, construiu ainda, no terreno que havia adquirido, uma casa situada na Rua Rui Barbosa, número 255 onde veio a falecer.
Fez a doação à Prefeitura Municipal de uma área de terreno em frente às casas da Vila Argentina, para que pudesse ser aberta uma rua, que anos mais tarde recebeu o nome de Rua Doutor Antônio Maciel. No entanto, até hoje, é comum se ouvir dizer “moro na Vila Argentina, ao invés de moro na Rua Doutor Antônio Maciel”.
De seu casamento não nasceram filhos tendo, no entanto criado sua cunhada caçula Lair di Donato, Normalista, que ainda quando solteira lecionou na Escola de Catiara, sendo posteriormente funcionária pública municipal de Patos de Minas e funcionária da firma M. Garcia Empreendimentos Imobiliários, também em Patos de Minas; seu sobrinho Wilson dos Santos Ferreira, sócio da empresa Casa das Representações S/A.- CRESA; e seu sobrinho José Eustáquio Rodrigues Alves, Economista, Diretor Executivo da Fundação Educacional de Patos de Minas (1991/2000), Secretário Municipal de Administração de Patos de Minas (Gestão 1993/96) e Vice Prefeito de Patos de Minas na gestão 2009/2012.
Sempre pautou sua vida com honestidade, alegria, trabalho e dedicação à família, procurando ajudar e orientar a todos, deixando um grande número de amigos, compadres e afilhados nas localidades onde passou. Em 10 de maio de 2012, através da Lei número 6.580, a antiga Rua 20, localizada no Bairro Chácaras Caiçaras – Bela Vista, passou a ser denominada Rua Toinzinho da Catiara em sua homenagem.
* Texto: José Eustáquio Rodrigues Alves.
* Foto: Arquivo de José Eustáquio Rodrigues Alves.
* 1: O apelido correto de Antônio Alves de Souza é simplesmente “Tonhozinho”, como prova diversos impressos de sua empresa. O “da Catiara” foi-lhe acrescentado depois que iniciou seu projeto da empresa de viação. E o “Toinzinho” acabou sendo usado somente aqui em Patos de Minas.