Em 23 de junho de 1954, na cidade de Campos Altos (MG), nasceu Wagner José Pereira. Aos quatro anos de idade já residia em Patos de Minas. O curso primário foi feito no Grupo Escolar Frei Leopoldo.
Aos 12 anos já havia aprendido o ofício do pai e trabalhava com seu irmão Woodson na confecção caseira de calças e paletós. Aos 14 anos começou a aprender violão com amigos e com 16 anos entrou para o primeiro conjunto musical, tocando guitarra base e cantando. Pouco tempo depois já tocava guitarra solo. No “Zíngaro Show”, mais conhecido como o conjunto do “Formiguinha”, tocava junto com o “Pelé”, que também começou ali a sua vida artística. Durante mais ou menos dois anos, tocando nas noites da boemia (mesmo sendo menor), Wagner Pereira aprendeu muito e amadureceu rapidamente. Naquela época faziam muito sucesso as canções do grupo Bee Gees” e “Fevers”.
Durante dois anos residiu em Belo Horizonte, voltando a trabalhar em confecções na firma “Franeli e Elifram”. Durante este tempo também estudou teoria na EFAP-Escola de Formação e Aperfeiçoamento Profissional, voltando em abril de 1981 a reiniciar seus estudos na EFAP, onde conseguiu seu diploma, com nota máxima, em Teoria e Solfejo. Em 21 de outubro de 1981, registrou-se na Ordem dos Músicos do Brasil (Conselho Regional do Estado de Minas Gerais), obtendo a Carteira Profissional de “Músico” n.º 9644, no gênero de música popular.
Em 1973, todo o trabalho e estudos foram interrompidos bruscamente. Durante três meses, no Hospital Júlia Kubistchek, Wagner Pereira enfrentou um período crítico, quando foi acometido de tuberculose. Até mesmo naquela época não perdeu seu espírito brincalhão e alegre, a ponto de ser aconselhado por um colega de enfermidade, Hamilton Miranda, a se precaver mais, caso desejasse um restabelecimento mais rápido. Foi nesta ocasião que compôs suas primeiras músicas.
Após a alta do hospital, retornou a Patos de Minas, juntamente com seus irmãos Woodson e Geraldo, motivados por um grave acidente que ocorrera com sua mãe.
Em 1975, casou-se com Celina Marques de Araújo Pereira, com quem tem duas filhas: Carolina e Cristiane, com 6 e 5 anos, respectivamente. Antes do Natal a família será aumentada.
Em Patos de Minas integrou durante temporadas os conjuntos “Asteróides”, “Módulo 100” (contratado pela Sociedade Recreativa Patense, tocando em todos os finais de semana), “Nautilus” e finalmente “Máquina Nova”, onde tocava com Castor, Soninho e Joãozinho. Com este conjunto mudou-se para a capital federal, permanecendo lá durante mais ou menos seis meses.
Voltando a Patos fez algumas tentativas no setor comercial, quando abriu uma lojinha de artesanato, depois uma casa de vitaminas e
Mais tarde uma banca de revistas. Novamente voltou a trabalhar com música, mudando-se para Carmo do Paranaíba, onde foi cantar no conjunto “Som Livre”. Durante quatro a seis meses de uma certa maneira afastou-se de seu instrumento preferido (violão) e sua cristividade artística se resteringia à interpretação das músicas de sucesso da época.
Em sua penúltima passagem temporária por Patos de Minas, no ano de 1979, ainda trabalhava esporadicamente como alfaiate, mas já dedicava com mais afinco no trabalho de composição musical. Foi neste ano que surgiu um dos melhores conjuntos vocais de Patos, que inclusive, apesar de sua curta duração, marcou significadamente a vida artística da Capital do Milho. Gilmar, Gavião, Marcos Rassi, Heleno Versiani, WOODSON e WAGNER. Em fevereiro foi apresentado com grande sucesso de público o show “8 ou 80”, onde todas as composições apresentadas eram de autoria dos músicos patenses.
Novamente transferiu-se para Belo Horizonte passando a integrar o conjunto “CÉLULAS”, onde era baixista e vocalista. Realizou vários shows nas cidades próximas à capital do Estado. No Reveillon de 81, estreou no conjunto ‘TARKUS”. Durante o ano de 1981 permaneceu neste conjunto, fazendo bailes em finais de semana e durante a semana tocava e cantava na boate “PRIMEIRA BATERIA”.
Finalmente, foi convidado para integrar o conjunto “SAMANTHA-BAND”. Neste conjunto tocou em várias cidades mineiras como Divinópolis, Pirapora, Montes Claros, Ouro Preto, Diamantina, Sete Lagoas, Patrocínio, Luz, inclusive em Patos de Minas tocou na festa de reabertura do Patos Social Clube e fizeram o baile em que Maria Alcina deu o seu show em Patos, também no Patos Social Clube.
No mês de março de 83, abandonou o conjunto “SAMANTHA” e foi contratado pelo Restaurante Barretos de Pirapora, onde ainda toca e canta nos finais de semana.
Em abril trouxe sua família para Patos e foi também contratado pela FUCAP-FUNDAÇÃO CULTURAL DO ALTO PARANAÍBA, para fazer a Direção Musical do espetáculo “VINÍCIUS – O POETA DO AMOR”.
Hoje, WAGNER PEREIRA se encontra em Ouro Preto, a convite da intérprete Neusinha Morais, como baixista e vocalista, defendendo a música de Aldo Justo e Paulo Tovar, JURITI, no IV FESTIVAL DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA.
No próximo dia 06 de agosto (sábado), às 20:30 horas, no Auditório da Rádio Clube de Patos, estará apresentando o show de abertura do PROJETO “PRATA DA CASA”, uma das propostas mais sérias de valorização do músico patense e da região do Alto Paranaíba, já surgidos por estas bandas.
WAGNER PEREIRA recebeu recentemente convite para fazer a abertura do show de “DÉRCIO MARQUES”, em Belo Horizonte, dias 26/27 e 28 de agosto próximo.
Para o show “TERRA PROMETIDA”, WAGNER PEREIRA convidou velhos e novos colegas para lhe ajudarem a mostrar quatorze trabalhos de sua autoria e em parceria com seu irmão Woodson (“Mala Véia”). No baixo e vocal, PELÉ; na bateria, CASTOR; no violão, ANÍSIO DIAS; na viola, MARCÃO; e no vocal, LENINHA e MAURÍCIO. Além do autor em parceria de diversas composições WOODSON PEREIRA também faz vocal e WAGNER PEREIRA faz violão e voz.
Esta é a história do filho do alfaiate Clarimundo Pereira e Noemia Veloso Pereira, que como se pode deduzir claramente, sempre colocou em primeiro lugar a música e nos seus versos toda a força de sua busca musical:
Nessa longa caminhada ao tempo
Eu sei que vou me machucar
Não me importa quantos passos
Há na frente
O importante é chegar lá
A DEBULHA (31/07/1983) – POR JOÃO MARCOS PACHECO
————————————————
Há alguns anos, apresentavam-se em todos os sábados, na Rádio Clube, “valores novos”. Era no auditório, em circuito semi-fechado. O nome do programa dizia tudo.
E, sempre, Waguinho ali estava. Principalmente acompanhando valores, em meio a uma “gang” muito grande, porque Patos de Minas sempre foi um bom celeiro de valores musicais.
Talvez o próprio Waguinho não soubesse de tudo o quanto possuía, de quanto era capaz. E precisou de muitas andanças. E precisou que viesse a Patos na Banda Samantha para ser descoberto.
Então tudo que ele faz, eu já conhecia há muitos anos.
Hoje, no entanto, Patos de Minas o descobriu, e é lançado como mais um no projeto da FUCAP “Prata da Casa”.
Seu show foi simples e descontraído. Ponto alto: quando o vocal entrava. Sozinho, Wagner Pereira me lembrou o crooner de alguns anos atrás. Sabe cantar, não desafina e sua voz não cansa a quem ouve.
O cenário no velho auditório da Rádio Clube ficou apropriado para a iluminação programada. O som estava excelente.
O que me surpreendeu: a fidelidade do compositor Wagner Pereira em seguir uma mesma linha nas músicas que ele assina. Uma música tipo “nordestina-modernizada”.
No esquema do Projeto o show cumpriu seu papel.
Fosse numa apresentação mais comercial, Waguinho teria que agredir mais, com mais garra e soltar o talento que tem completamente. Seu estilo é de fazer a platéia cantar com ele…
A DEBULHA (17/08/1983) – POR EDSON GERALDO NUNES.
* Fonte: Edições 73 e 74, respectivamente de 31 de julho e 17 de agosto de 1983, da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.