JOSÉ PEREIRA BORGES

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DSC02622Um dos seis filhos de José Pereira da Fonseca e Renilde Borges da Fonseca, José Pereira Borges, o “Pereirinha”, nasceu em 11 de março de 1929 na então Patos sem o ainda “de Minas”. Teve uma infância sem sobressaltos numa típica localidade enfurnada no interior mineiro. “Naquele tempo a cidade era muito tranquila, era muito pequena, e eu com cinco anos andava de bicicleta para todo lado nas ruas ora empoeiradas, ora lamacentas. Eu adorava jogar futebol na rua com os amiguinhos da época”.

Os estudos foram iniciados em 1936: fez o primário no Grupo Escolar Marcolino de Barros e o ginasial no Ginásio Benedito Valadares. “Não me lembro porque, mas após terminar o ginasial com 15 anos de idade decidi que queria ser Contador. Mas acontece que não havia escola de Contabilidade em Patos. Então meu pai me botou num hotel em Belo Horizonte, sozinho, e cursei Contabilidade no Colégio Minas Gerais, que funcionava na Rua da Bahia. Me formei em 1947”.

Tão logo voltou a Patos, Pereirinha iniciou-se na nova profissão trabalhando para Júlio Bruno, Joãozinho Andrade e José Borges (A Filial). Cerca de um ano após, preferiu por se dedicar com exclusividade ao Joãozinho, fazendo a escrita e gerenciando a loja. Foram dez anos de trabalho no comércio da Praça Antônio Dias. Para ele, era chegado o momento de ter o seu próprio negócio, oportunidade que se concretizou em fevereiro de 1958 com a compra da Casa das Louças, de José Mendes da Rocha, localizada na Rua General Osório entre Major Gote e Avenida Getúlio Vargas, logo transformada em O Mundo das Louças.

O primeiro ano de trabalho com O Mundo das Louças não foi nada fácil. “Eu comprei a Casa das Louças em parceria com meu sogro e um cunhado. Depois eles saíram e eu continuei sozinho. Um ano depois veio uma pequena tragédia: um incêndio no depósito que nos deu muito prejuízo. Mas conseguimos superar e prosseguir em frente”. Outros empreendimentos fizeram parte da vida de Pereirinha. “Abrimos uma filial na Rua Olegário Maciel (entre Major Gote e Praça Abner Afonso) em sociedade com o cunhado Paulo Lima Verde. Durou um ano. Outra filial perto do Mercado que também não durou muito. Em 1964, Brasília isentava de impostos os novos negócios. Então montamos uma filial lá, em Taguatinga. Foi um excelente negócio, em um ano dobramos o capital. Por problemas particulares, preferi vender a minha parte no negócio e ficar só com o Mundo das Louças aqui em Patos”.

No início da década de 1950, Pereirinha era secretário da Sociedade Recreativa Patense. Foi lá que conheceu Gleide Lima Verde (09/12/1936), filha de Wagner Lima Verde e Maria Conceição Lima Verde. Com ela se casou em 17 de julho de 1954, gerando quatro filhos (Marcelo, Heloísa, Simone e Marcos) e atualmente três netos. “Tenho muito orgulho da Gleide, uma heroína, que por causa de nosso filho Marcos, que é excepcional, praticamente foi a responsável pela criação da APAE aqui em Patos de Minas. Quando ele tinha cinco anos, ela chegou a ficar seis meses com ele em Belo Horizonte fazendo tratamento. Quando ela voltou, procurou pais com o mesmo problema, as conversas se alongaram e a escola acabou sendo criada. No início, com sete alunos, com quatro professoras que haviam feito um curso em Araxá, funcionava numa casa alugada perto da Cadeia. Meu sogro foi o primeiro presidente e a Gleide foi diretora, trabalhando lá dezenove anos”.

José Pereira Borges se emociona quando fala da APAE, assim como quando se lembra de sua participação na formação da Associação Comercial, onde foi secretário, e também de sua vice-presidência na CDL. Há quase setenta anos labutando com seu Mundo das Louças, decidiu que está chegando o momento de dependurar o chapéu. “Para falar a verdade, já me sinto um pouco cansado. Afinal, já estou com 86 anos de idade. Vou passar o negócio para minha filha Simone. Ela é dentista e mora no Rio de Janeiro. Ela aprovou a minha ideia e brevemente estará assumindo os negócios. Aí eu quero voltar a pescar de vez em quando e fazer mais caminhadas e estar mais perto da Gleide e do Marcos”.

Atualmente o que mais dá prazer a José Pereira Borges além da família é a participação ativa e constante do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil, onde atua desde 1977. “O Cursilho é um encontro de pessoas, com uma dinâmica própria, onde cristãos homens, mulheres, jovens ou adultos testemunham sua caminhada e colocam para reflexão e debate temas ligados a fé e à vida. É uma experiência profunda de fé, de transformação pessoal e religiosa. Por isso a palavra chave do Cursilho é evangelizar. Muita gente me pergunta o que é o Cursilho, mas a grande verdade é que só dá pra saber realmente o que é o Cursilho, quando se vive esta experiência!”.

O Mundo das Louças completou 57 anos de vida, tão antigo como a Imperatriz dos Calçados e o Armazém São Geraldo. Como José Pereira Borges está para se aposentar, que receba de Patos de Minas um contundente agradecimento pelo que fez pela cidade.

* Texto e foto (18/11/2015): Eitel Teixeira Dannemann.

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