ESSE NÊGO É NOSSO

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HISTORIAS DE PESCADOR - MURALJOIA.COMDesta vez, fui¹ pescar com uma turma totalmente diferente da costumeira. Foi quase um picnic. Fomos passar um fim de semana às margens do Rio Paracatu. A turma era Vanir, Rômulo, Alonsinho, Teotônio, Rufino do Clóvis, Eli da Fiat e Eloísio da Agropec.

Saímos para acampar próximo ao rancho do Dominhas, mas, não fomos para lá, porque ele estava com a família e resolvemos ir para outro local para não tirarmos a liberdade dele e a nossa. Ficamos de baixo para cima, tentando um lugar para acampar e nada. O jeito mesmo foi ficarmos próximo à ponte velha. Lugar bonito, mas com um defeito: cheio de penetras-filantes de pinga. Arrumamos a barraca e fomos providenciar a janta. Teotônio pôs o macarrão para cozinhar para Rômulo fazer a macarronada à moda Aeroporto. Os penetras começaram a chegar. Quando a boia ficou pronta, já tinha uns quinze criolos beirando as panelas. Aí eu chamei a turma nossa a um canto e falei:

– Vamos fingir que vamos nos deitar, e quando os pretos forem embora a gente levanta e vai comer sossegado. Tudo bem!

Ficamos dentro da barraca despistando e, Rômulo olhando no buraco da lona. A turma ia perguntando:

– Cumé, Rômulo, quantos ainda tem?

– Uns seis ainda, mas parece que dois tão indo.

Foi passando o tempo e a fome aumentando. E a turma:

– Cumé, Rômulo?

– Tem só um agora, mas ele parece que não vai embora não, ele até sentou.

Aí Alonsinho falou:

– Arreda daí, deixa eu ver.

Alonsinho deu aquela gargalhada e disse:

– Esse nêgo é nosso, sô! É o Rufino. Vamos comer!

* Fonte: Texto originalmente publicado na coluna “Pesca & Prosa” (Tião Abatiá) em 24/07/1993 e republicado na edição de 28 de junho de 2014 do jornal Folha Patense.

* Foto: Muraljoia.com.

* 1: A narrativa é de Vanir Amâncio.

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