NOSSO 2.º AEROPORTO À ESPERA DA INAUGURAÇÃO

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TEXTO: JORNAL CORREIO DE PATOS (1955)

Há muito necessitávamos de um bom aeroporto, de um campo de pouso que satisfizesse realmente as nossas necessidades. O tráfego aéreo de Patos está ficando cada vez mais intenso. A Nacional Transportes Aéreos fará escala diária na cidade dentro em breve. Aviões de turismo começam a visitar-nos com mais frequência. Os Táxis aéreos estão se popularizando aqui. De forma que existe um movimento constante e intenso no nosso velho e antiquado campo de aviação¹. Isto não falando nos bovinos e equinos que andam às dúzias por lá… Mas isto é um movimento à parte… AH!, já ia me esquecendo, no nosso campo de pouso não encontramos apenas animais, depois que arrancaram a cerca que havia em sua volta, temos também caminhões, automóveis, bicicletas, homens, mulheres e crianças trafegando desenvoltamente dentro dele… Os aviões antes de aterrarem têm que, primeiro, dar umas voltinhas a fim de pedir licença para descerem… Outro dia mesmo, dei uma chegada lá no campo e presenciei uma coisa que me teria estarrecido, caso alguma coisa me admirasse mais em Patos de Minas… O caso foi assim: descia um avião num sentido e um caminhão corria velozmente em outro, justamente no rumo do avião; quando estava pertinho, o caminhão desviou um pouco e o avião passou. Futebolisticamente falando, diríamos que o caminhão deu um “dribling” de corpo no avião… E o pior é quem pilotava o avião, o fazia pela primeira vez (sozinho) e o avião não tinha freios…

Dizia inicialmente que há muito necessitávamos de um bom aeroporto; pois bem, esse aeroporto nós já o temos². Tem 1.200 metros de pista macadamizada. É liso e plano que faz gosto. Sua colocação em relação às correntes de ar é magnífica. Magnífica também é a sua situação geográfica. Foi construído de acordo com a mais moderna técnica aeronáutica. Em suma: um ótimo aeroporto. E disséssemos “supimpa”, não estaríamos exagerando. Mas o diabo é que ninguém se decide a inaugurá-lo… Faz alguns meses que está pronto e nada: tudo no mesmo pé.

Só o fato do aeroporto estar pronto, já bastava e sobrava para exigirmos a sua inauguração, quanto mais que o nosso velho campo de aviação não oferece a mínima segurança e constitui-se num permanente perigo aos aviões que aqui têm de descer.

Com a grande expansão da cidade, principalmente para os lados do campo de aviação, essa pista de pouso está em grande parte cercado e abafado pelo casario que foi brotando em volta. Soma-se a isto os animais que fazem do campo o seu “habitat”, os veículos que trafegam e as pessoas que transitam livremente nele. Muitas vezes os aviadores são obrigados a fazerem verdadeiras acrobacias para evitar uma colisão, no momento de aterrissar. Além do mais, o velho campo é demasiadamente defeituoso, cheio de altos e baixos. Em tempo de chuva, então, ele vira um verdadeiro lamaçal. Para fim de conversa: um legítimo “abacaxi”!

Pois bem, porque não se inaugura de vez o novo aeroporto? É o que todos perguntam sem encontrarem uma explicação plausível para isso. Que estranho mistério impede e retarda a sua imediata inauguração? Será que se espera algum “figurão” da política para vir inaugurá-lo? Bem, mas isto não é afirmação, senão uma pergunta. Com a resposta os leitores.

* 1: O velho e antiquado campo de aviação funcionava na região chamada de Chapada, compreendendo um espaço onde hoje se localizam as dependências da CEMIG, Escola Estadual Prof. Zama Maciel e adjacências, perto da Lagoa Grande. Veja a foto em “A Chapada na Década de 1940”.

* 2: O novo aeroporto foi construído onde hoje é o Bairro Planalto. Na segunda metade da década de 1970 recebeu o nome de Estação Aeroportuária Comandante José Portinho (irmão de Elvira Porto), piloto particular de várias empresas na região do Triângulo Mineiro, falecido em 1975.  O prédio da recepção foi tombado pelo decreto 2.598 de 25 de novembro de 2003. Funcionou até o início da década de 1990, quando foi inaugurado o Aeroporto de Patos de Minas Pedro Pereira dos Santos, no km 234 da Rodovia BR-354. Depois de desativado cedeu espaço para funcionamento da Escola Municipal Marluce Martins de Oliveira Sher.

* Fonte: Texto publicado com o título “O Novo Aeroporto” na edição de 20 de fevereiro de 1955 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Deolhoempraiagrande.blogspot.com, meramente ilustrativa.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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