DE LUTO A AERONÁUTICA PATENSE

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7TEXTO: FAUSTO SANTANA (1955)

Perdeu o Aéro Clube de Patos o apôio de grande número de seus associados em virtude dos fatos de sua última eleição de diretoria, ocorrida a 14 de março. A reunião realizada na Escola Normal Oficial esteve agitada, quando nós, e outros colegas, nós os que “voamos” e somos a razão de ser do Aéro Clube, nos declaramos contra o processo usado naquela eleição.

Achamos que, para eleições dessa natureza, a associação deveria consultar, tanto os interêsses próprios, e nunca desprezando a opinião de seus “pilotos”, usar de meios mais democráticos. Então, o que se faria? Apenas isto: antes da eleição, publicar-se-iam as chapas dos candidatos, como outras associações. Ora, com essa publicação, os sócios, com o espírito democrático, trabalhariam, constituir-se-iam em cabos eleitorais, para um pronunciamento consciente. E não como se fez um pronunciamento que não consultou a vontade de grande parte dos sócios, justamente os “Brevetados” ou os que tomam o avião e vão as nuvens…

Achamos, também, que os maiores interessados no Aéro Clube devem ser os Sócios que praticam o vôo… Os demais, e que, ainda há pouco, quase não existiam, são como que contribuintes, honorários, para ajudar a manter com sua colaboração, o lado moral e financeiro da agremiação. Por isto é que há, em tôdas as sociedades, sócios que votam e sócios que não votam. O Aéro Clube deveria ter iguais categorias.

O que aconteceu na reunião de 14 de março foi desagradável. O resultado feriu os sócios “voadores”. Em represaria, tivemos oportunidades de expender nossos pensamentos. Fomos contras. Continuamos a ser contras, e estão ao nosso lado, acompanham-nos mais de 20 sócios.

Preferiu a maioria, mas a maioria destituída de sócios novos, e que desconhecíamos como sócios, até então, eleger diretores que não são “aviadores”, que não lidam com aviões. São outros os seus ofícios. Por que não se eleger elementos que gostam de aviação, que praticam a aviação, que se sacrificam pela aviação.

Não somos contra o homem, somos contra a sua função, que não lhe calha bem. Somos contra os processos adotados, anti-democráticos, que são os de não se publicar as chapas de candidatos, com prévio aviso.

E já podemos prognosticar o que vai acontecer: o afastamento em massa dos “sócios pilotos”. Nenhum de nós, que temos dado vida, que temos dado serviços, que temos dado cooperação ao Aéro Clube de Patos, e de quantos anos, queremos mais voar, queremos mais pertencer ao Aéro Clube.

Fomos contrariados. Não pudemos eleger candidatos “aviadores”. Não tivemos o direito de eleger candidatos da aviação…

Por isso, o Aéro Clube de Patos, que já possui dois aviões poderá sofrer uma queda, com a falta de alunos, de sócios que queriam voar.

Nós nos retiramos, em definitivo. E somos um total de 20 sócios.

Patos de Minas, 17/03/1955

* Fonte: Texto publicado na edição de 20 de março de 1955 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 02/02/2013 com o título “Aero Clube”.

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