BÁRBARO ASSASSINATO EM 1925

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SANGUEBARBARO ASSASSINATO EM PLENO CORAÇÃO DA CIDADE DE PATOS PELA FORÇA PUBLICA

Nossa Cidade vibra ainda dolorosamente impressionada com a scena delictuosa levada a effeito na noite de 11 do corrente por dois soldados do destacamento local e em que foi trucidado, cannibalescamente, um pobre, inoffensivo e indefeso moço.

Foi uma nota dissonante para a nossa Cidade que se diz civilisada, e um attestado impressionante da inercia de nossas auctoridades policiaes diante de um facto gravissimo, attentatorio dos mais comesinhos sentimentos de humanidade.

Segundo estamos informados, o Sargento commandante do destacamento, peccou por omissão, deixando de communicar ao Delegado o que elle diz era previsto ha muitos dias e consentindo que os dois soldados, depois de commetterem disturbios no corpo da guarda, dando tiros, riscando de faca as paredes e ameaçando soltar os presos, sahissem á rua, em um estado de espirito prenunciador de desordens. Talvez, se tivesse havido mais cuidado e mais previdencia por parte de quem de direito, não teriamos o desprazer de registrar um crime tão monstruoso.

As auctoridades dormiram. Não agiram como deviam. Os soldados perpetraram o barbaro assassinato, entre 8 e 9 horas da noite do dia 11, em um bairro da Cidade oposto em que estão situados a Cadêa e Quartel. Pois bem, os matadores, depois de saciarem sua sêde de absoluta crueldade contra um individuo desarmado, passaram pelo Largo da Matriz, ensanguentados, onde foram vistos por diversas pessoas, tendo um delles na mão a faca homicida. Desceram calmamente, foram ao Quartel, retiraram alguns objectos e só sahiram d’esta Cidade ás 6 horas da manhã de 12. Onde estavam as auctoridades? Quaes as providencias tomadas? Tudo fizeram os criminosos sem serem incommodados pelas auctoridades!!! Esta atitude de franca passividade dos mantenedores da ordem publica é, pela sua gravidade, uma prova de insegurança para nossa população que, assim, se vê sem a menor garantia.

Os criminosos seguiram tranquilamente seu caminho em busca de novos atentados; mas, felizmente, Deus não dorme. Os matadores de José Ventura, com a imprevidência propria dos criminosos, dirigiram-se para Patrocinio onde as auctoridades mais vigilantes, capturaram-nos, sendo, imediatamente, remetidos para esta Cidade, onde deram entrada no dia 15 ás 4 horas da tarde, diante dos olhares curiosos de grande quantidade de gente que desejava conhecer a physionomia dos dois scelerados que, friamente, prostaram sem vida o inditoso José Bota ovo.

Eis, em linguagem simples e imparcial, os factos como se passaram. Esperamos que o energico e eminente chefe de Policia tome as providencias que a gravidade dos factos requer.

* Fonte: Texto publicado na edição de 20 de setembro de 1925 do Jornal de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Faroldenoticias.com, meramente ilustrativa.

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