Patos, por sua evolução natural, parece levar de guindaste a solução e o movimento de seu progresso no quanto respeita á administração municipal.
Eis ahi porque sugere-se-nos chamar a attenção, ja não da illustre edilidade, mas de todas as classes que constituem o nosso adiantado meio, para um assumpto que respeita a hygiene e a saúde publica, que, a todos nós é de summo interesse.
Estamos informados, por pessoas que conhecem de visu, o estado pouco lisongeiro do nosso Matadouro publico¹.
É necessário que os consumidores deste primeiro artigo da alimentação publica, muito principalmente os profissionaes da classe medica tomem isto em consideração, afim de que repartições como esta, não desdigam de nossa educação e cultura social. Lugares relativamente menos adiantados contam, alem de indispensavel mercado publico, de açougues que nada deixam a desejar, quanto à limpeza, bancos de pedra marmore, balanças competentemente asseiadas e vigilancia absoluta para que a carne das rezes abatidas, estejam sempre sob a vigilancia de bons fiscais, e nunca toquem como por ahi se vêem, no chão, ou sejam ahi atiradas com desleixo repugnante sobre o sólo em que se piza e cospe, sobretudo, compromettendo o direito mais que respeitavel de todo cidadão quanto à saude publica.
Quem duvidar, mormente as pessôas competentes de nossa sociedade, que a todos occorre o direito e solidariedade na fiscalização, dê um passeinho por aquellas immediações afim de verificarem si é ou não verdade o que se diz.
Patos já tem um desenvolvimento e pujança que desafia a admiração de quantos a visitam, era de esperar que a sua esthetica e administração, correspondessem aos intuitos altamente civilisadores de nossos homens de governo.
Ahi fica o appello, sinão aos proprios encarregados deste serviço, ao proprio publico que é e será o guarda de seus direitos conculcados.
* 1: Uma das primeiras grandes obras do município, inaugurado em janeiro de 1908. Situava-se na Rua Major Gote, onde é hoje o Banco do Brasil. A entrega das reses abatidas aos açougues eram realizadas num carroção puxado por dois bois. A lei n.º 130, de 13 de janeiro de 1910, autorizou o Agente Executivo (na época Olegário Dias Maciel) a arrendá-lo.
* Fonte: Texto publicado na edição de 02 de agosto de 1925 do Jornal de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Matadouro Municipal no dia de sua inauguração, em janeiro de 1908, do arquivo de Fernando Kitzinger Dannemann, publicada em 23/02/2013.