Em 1922, o então Presidente de Minas Gerais, Arthur Bernardes, destinou a verba de 300 contos de réis ao Município de Santo Antônio dos Patos para ser utilizada na canalização de água e construção de prédios escolares nos distritos de Lagoa Formosa, Santa Rita (hoje Presidente Olegário) e Santana de Patos. Em fevereiro de 1925, o Engenheiro Fiscal do Estado de Minas, Dr. Lauro Valle, esteve em Santo Antônio dos Patos para fiscalizar as obras. Mas sua visita foi em vão, pois não encontrou nenhum vestígio de obras.
O fato gerou uma reportagem bombástica na edição de 07 de junho do Jornal de Patos, comandado por José Olympio Borges, que acusou toda a Câmara Municipal de malversação. A Câmara era composta por gente ilustre da cidade, como Dr. Adélio Dias Maciel (Presidente e Chefe do Executivo), Agenor Dias Maciel, Dr. Euphrásio José Rodrigues, Zama Alves Pereira, Heráclito Amaral, entre outros.
A rixa política na então Santo Antônio dos Patos era até certo ponto violenta, principalmente entre as famílias Borges e Maciel. A reportagem do jornal, dos Borges, atacando o Chefe do Executivo, dos Maciel, gerou um clima de guerra entre as duas facções.
A cidade, então, entrou numa numa batalha política cruenta: de um lado o Partido Popular dos Borges, do outro lado o situacionismo dos Maciel. Aconteceram conflitos terríveis que geraram algumas mortes.
A matéria publicada na edição de 28 de junho do Jornal de Patos nos dá uma ideia do clima reinante:
O Presidente da Camara de Patos está reunindo n’esta Cidade grande quantidade de gente armada com o fito, segundo corre pela cidade, de empastelar o nosso jornal.
Si se confirmarem os boatos tendenciosos que fervilham desde o principio desta semana, teremos voltado aos tempos da barbaria, em que se attentava impunemente contra todos os principios de dignidade humana, assistiremos ao naufragio de todas as nossas conquistas de progresso e civilisação.
Pois então, pelo simples facto de esclarecermos o povo sobre os negocios administrativos do Municipio, teremos que ser trucidados? Porque não recorrem os nossos adversarios á Lei para desmascarar-nos e confundir-nos antes de procurar subverter a ordem com o sacrificio de vidas e de propriedades, matando o futuro d’esta terra?
Se estamos mentindo, se estamos calumniando, ahi estão os tribunaes, para responsabilisar-nos, ahi está o Juiz para condemnar os nossos erros. Mas prevalecerem-se de um pretexto fútil, forjado com intuitos pequeninos, para nos atacar, é que, è por demais absurdo.
Onde e como surgiu esse boato de que o Partido Popular vai atacar a Camara? Hypothese indigna, absurda que clama contra o bom nome d’esta grande terra! Atacar a Camara para que? Com que intuito? Nós que nos levantamos para combater no terreno da Lei, empregando meios licitos na campanha, custamos a acreditar que taes factos e que taes processos ainda se verifiquem em Patos.
Podem estar certos os nossos adversarios que na defesa de nossos direitos não cederemos nem um passo e que saberemos morrer no posto que nos confiaram.
Esperamos que os situacionistas de Patos reflictam sobre a gravidade do acto que pretendem realizar e que deixem o caminho da força bruta por onde querem se enveredar para seguir os dictames da Lei e da Justiça.
* Fonte: Texto publicado na edição de 28 de junho de 1925 do Jornal de Patos com o título “Ameaças Alarmantes”, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Iguatu.org, meramente ilustrativa.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.