A FEIRA DE ARTE E ARTESANATO de Patos de Minas foi inaugurada dia 22/10/78 às 8:30h, contando com grandes artistas de Belo Horizonte e de nossa Patos de Minas.
Contamos com 84 expositores sendo nos setores de Pinturas, Trabalhos Manuais, Escultura, Xilografia, Litografia, Aluminito, Bijoterias, Trabalhos em Couro, Acrílico, etc. Artistas de Belo Horizonte que se fizeram presentes: Belchior Cunha, Damasceno, Wanderlei, Gaspar Cunha, W. Silva, Nelson Luiz.
Este sempre foi o desejo do nosso Prefeito Dr. Dácio Pereira da Fonseca que diz não entender “Desenvolvimento sem Conhecimento de Cultura”, e como não poderíamos deixar de concordar também aplaudimos de pé o desejo seu, e contamos com o nosso Vice Prefeito Ricardo Rodrigues Marques e com a cooperação de Belchior Cunha o já conhecido pintor de fama internacional, sendo este no entanto que concretizou a idéia de nosso Prefeito, pois já conhecia bem de perto o manejo da organização de uma feira, pois por vários anos participou da Feira de Belo Horizonte, e assim sendo levou avante a idéia, tornando hoje uma realidade.
A inauguração se deu às 8:30h, sendo solenemente tocado o Hino da Cidade pela Banda do 15.º BPM, que sempre prestigiou as nossas mais solenes festas.
Depois da abertura oficial, o público patense conheceu de perto os trabalhos de nossos artistas que na maioria estavam escondidos.
Patos conta hoje com as seguintes escolas de Artes: Terezinha Couto, Sidnei Romão, Patrícia Viana, Marialda Martins, Nice Garcia, Lúcia di Donato Ferreira, Luiz Cardoso, Clube 4S (EMATER) e o Centro de Recuperação Infantil (APAE).
A Feira contou com a presença de Padre Vitor, uma figura de grande conhecimento artístico, não só no Brasil, mas também na França e Itália, sua terra natal. O mesmo tem mais de 300 trabalhos para serem vendidos. Onde irá fazer exposição futuramente? Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, das quais Belchior Cunha, pintor, filho de Patos, irá participar. Os trabalhos de Padre Vitor foram elaborados a mais de 10 anos.
Na Feira foram vendidos trabalhos no preço de Cr$ 600,00 até Cr$ 5.000,00. A Feira foi visitada pelas autoridades locais e cidades vizinhas, que também vieram mostrar os trabalhos de seus artistas.
A Feira foi visitada aproximadamente por 300 a 500 pessoas, que a cada passo admiravam os trabalhos mostrados.
Todos os expositores passaram pela comissão julgadora que selecionaram os trabalhos que iriam mostrar.
Foi iniciado um quadro pintado ao vivo para que todos vissem que a arte não é somente uma cópia, mas também uma criação rápida e significativa do artista. Nesse quadro participaram todos os artistas de Belo Horizonte e também os artistas patenses, dando cada um, uma pincelada daquilo que lhe era próprio. Outros artistas amigos de Belchior, de Belo Horizonte, também farão o mesmo, porque a finalidade deste trabalho é uma rifa para as crianças de duas instituições de caridade de Patos de Minas.
Quem está à frente desta feira é o Sr. Prefeito Dr. Dácio e Sra., com a colaboração de todos aqueles que gostam e sabem apreciar este tipo de trabalho.
Encontra já neste quadro que mede 70cm por 96cm, também a assinatura e os traços artísticos do nosso Prefeito.
Nesta Prefeitura foi aberta também a GALERIA PERMANENTE DE ARTE, onde irão mostrar constantemente os trabalhos de mais de 40 artistas ocupando dois andares da Prefeitura Municipal. A mesma poderá ser visitada de 2.ª a 6.ª feira nos horários de 12:00h às 16:30h, e aos sábados e domingos das 17:30h às 21:30h, sendo que a Prefeitura nada recebe dos artistas a não ser o incentivo, não cobrando nem mesmo a sua inscrição.
O Departamento de Educação teve participação ativa para que essa feira fosse inaugurada na data prevista, sendo ali feita todas as inscrições e entregando as carteiras para todos os expositores.
Os artistas de Belo Horizonte chegaram a Patos dia 22, sendo recebidos pelo Sr. Prefeito e Sra., Diretores daquela Prefeitura, onde em um jantar informal e descontraído, foram apresentados os artistas, que ficaram encantados com a receptividade de Dr. Dácio e D. Dilza, que realmente são “GENTLEMANS”.
Após o jantar, depois de conversas culturais, trocas de idéias sobre o acontecimento do dia seguinte, e a idéia sendo concretizada, Dr. Dácio e D. Dilze também mostraram que são artistas, não de pinturas, trabalhos em acrílico ou aluminito, mas de voz, vozes estas que surpreenderam aos visitantes quando mostraram a eles o nosso folclore, a nossa música, mas a música de Bethânia ou Chico, mas a música sertaneja, a música do sertão. Sabemos no entanto que ambos conhecem a música clássica, a popular brasileira, mas os nossos amigos não queriam isto, mas queriam conheceu o folclore, o verdadeiro folclore mineiro.
Palavras que foram ditas pelo conhecido pintor de Belo Horizonte, Wagner: “Não esperava encontrar pessoas tão cultas quanto essas duas, Prefeito e Sra. e simples ao mesmo tempo; ele como autoridade máxima do Município se colocou junto de nós, como um simples artista, buscando o seu violão e mostrando a verdadeira música brasileira, nos proporcionando assim uma noite agradabilíssima e inesquecível que brevemente voltaremos aqui, não como artistas que somos, mas como amigos que ficamos desta gente”.
Os trabalhos foram tão admirados pelos pintores de Belo Horizonte, e seus reconhecimentos pelos nossos artistas, que já foram convidados para exporem em Belo Horizonte na “GALERIA DA OCA”.
A nossa Feira porém não termina aí, mas inicia-se. Teremos dia 19 de novembro a partir das 8:30h na segunda-feira, e no mês de dezembro será nos dias 17 e 24.
A partir de janeiro/79 apresentaremos todos os domingos.
As inscrições continuam a serem feitas no Departamento de Educação de 2.ª a 6.ª feira de 12:00h às 16:30h.
Eis pois uma idéia concretizada, tornando realidade.
Aos olhos de muitos, isto não seria possível, e ainda outros continuam achando que esta feira não irá longe.
Mas, nós acreditamos nos nossos artistas e a eles damos o nosso voto de confiança e louvor, e também o nosso muito obrigado por terem confiado na idéia que hoje tornou-se uma realidade.
Há os que fazem Crítica Destrutível, mas há os que constroem.
Portanto, vamos criticar, mas uma crítica sadia e construtiva, vamos incentivar, apoiar e acreditar no que é nosso.
* Fonte: Texto de Lourdes Fonseca publicado na edição de 26 de outubro de 1978 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Facebook.com, meramente ilustrativa.