Se perguntássemos às pessoas que se acostumaram a ver nossa Festa do Milho de dez ou doze anos atrás, qual era o seu ponto culminante, qual a parte que mais agradava e mais impressionava principalmente aos visitantes, posso quase afirmar, que uma maioria esmagadora, haveria de apontar o desfile do dia do aniversário da cidade.
Grande parte das pessoas que hoje presenciam aquele desfile, não podem às vezes, nem imaginar a beleza, a vibração e o entusiasmo mostrados naquelas oportunidades. A disputa entre as fanfarras dos colégios, que ano a ano se apresentavam maiores e melhores, as alegorias e as demonstrações folclóricas apresentadas no mais puro bom gosto, faziam com que, a cidade vivesse um verdadeiro clima de festa, desde os primeiros dias de abril, quando se iniciavam os ensaios e os preparativos para o grande momento, que atraia multidões à Avenida Getúlio Vargas, fazendo com que um número incalculável de fotógrafos e cinegrafistas, procurassem gravar para a posteridade, as imagens que encantavam a quantos ali se postavam.
Para tristeza de todos, no entanto, o desfile foi aos poucos perdendo sua beleza, até que nos dois últimos, chegasse a uma condição vexatória de fazer com que as poucas pessoas que os viram, exclamassem que melhor seria que não tivessem sido realizados.
Todos sabem que as dificuldades financeiras do povo brasileiro, vêm aumentando dia a dia, de tal maneira, que os pais mal podem arcar com as despesas fundamentais de seus filhos, principalmente os estudantes. Sabemos mais, que vários problemas surgem para os diretores e professores de nossos colégios, quando há necessidade de tempo para os ensaios e preparativos, como também sabemos que alguns alunos não gostam de colaborar, preferindo às vezes, criar obstáculos.
Entretanto, todos nós sabemos que é da índole do brasileiro, vencer todas as barreiras, quando pretende oferecer uma festa, seja ela de que natureza for e já que o povo de Patos de Minas quer e deve continuar realizando a tradicional festa, esforços não podem ser poupados e até sacrifícios devem ser feitos, para que ela seja realmente digna.
O povo vinha reclamando e lamentando amargamente, o fim de nosso desfile, outrora tão brilhante. Apelos e mais apelos, sugestões e mais sugestões eram apresentados e ao que parece, os responsáveis por sua realização, permaneciam insensíveis.
Eis que finalmente, parece ter havido o despertamento não de todos, mas de uma boa parte daqueles que são os responsáveis e com uma grande alegria estampada em cada rosto e com um entusiasmo que já se renova pudemos ver um belo desfile, prenúncio de outros ainda melhores.
É bem verdade, que falta muito ainda, para se alcançar o ponto que havíamos alcançado, o que é compreensível e natural. É bem verdade que alguns de nossos educandários se omitiram, mas as esperanças renasceram e já no próximo ano, haveremos de vê-los englobados aos demais.
Fica aqui, o meu aplauso ao que se fez neste ano.
Parabéns aos diretores e professores de nossas escolas; às nossas corporações militares; ao Departamento de Educação e Cultura da Prefeitura; à Lira Mariana Patense; aos senhores pais e a todos que por qualquer forma tenham colaborado.
De um modo especial, parabéns à nossa garbosa juventude, que de uma maneira brilhante, permitiu que o desfile não morresse, mas que, pelo contrário, tivéssemos o reinício do que já era uma pálida recordação.
* Fonte: Texto de Dirceu Deocleciano Pacheco publicado com o título “Mas Que Beleza!” na edição n.º 25 da revista A Debulha de 31 de maio de 1981, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.
* Foto: Cartaz oficial da Festa do Milho de 1981, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.