CIRANDAS DE RAFAEL GOMES DE ALMEIDA – III

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Antigamente, quando a luz que servia a cidade era gerada por uma usina, o povo patense cantava assim: Patos de Minas querida, cidade que me seduz, de dia tem falta d’água e de noite falta luz! Depois, por uma indústria que aqui não se instalou, houve um movimento bravo e veio a CEMIG e hoje o povo canta diferente: A luz já não é problema e acabou-se a novela: CEMIG recebe a conta e dá o troco em vela! Mas naquele tempo antigo, Patos de Minas, antes de ser a Capital do Milho, era conhecida como “a terra do trigo e do diamante”. A cidade era dividida em dois blocos: o “casca-grossa” e o “vitória”. E tudo passou e sendo a Capital do Milho, ficou a lembrança que o cantar do povo registra: Sem diamante, nem trigo foi-se o passado brilhante: hoje é terra da intriga e a terra de amantes! E a coisa, às vezes é tão preta, que tem gente que canta assim: Embora a matriz exista, por que fazer tanto mal? E a herança já minha é toda da filial! (15/09/1980)

Um passeio agradável que a gente teria aqui em Patos, seria dar uma volta lá no bosque, no Trevo da Pipoca. Acontece que tem uma granja lá por perto que até já se fala em mudar o nome do trevo e a ciranda sugere: O ex-Trevo da Pipoca, admite a “jacutinga”, vai estrear outro nome: vai ser Trevo da “Catinga”! (15/09/1980)

O aniversário da Rádio está chegando. Afinal é uma festa que merece o nosso incentivo, embora se reconheça que ainda não temos uma radiofonia muito inovadora, somos obrigados a nos convencer que a Rádio Clube está melhor que nossa imprensa escrita: Parabéns à Rádio Clube, no meio de tanta festa: Um mundo cheio de paz numa noite de seresta! (15/11/1980)

Foi só adiar as eleições e o “Correio de Patos” sumiu. Tem gente que anda falando: Sem muito acertar nos casos, sem reportar tantos fatos, o Correio mais parece com um correio “dos patos!” (15/11/1980

Vocês viram o desabafo do Diretor de “A Debulha” no penúltimo número? É isto aí. A gente tem que parar para pensar. Se existe uma Rádio com oito horas de programas “caipiras” a gente xinga. Se vem uma revista para elevar o nível cultural, falta o carinho do assinante e do leitor. Olha lá que cada um tem mesmo o que merece: Para servir à cultura, dê uma grande debulhada: – Se “A Debulha” for-se embora a cultura não quer nada! (30/11/1980)

Até que enfim o Leão de Formosa vai lançar o seu livro. Poeta do maior estilo brasileiro, já não era sem hora. Mas foi o próprio Altino Caixeta de Castro quem me confessou: O meu livro agora sai, ao diabo que o carregue, minha obra até parece que foi criada por jegue! (15/12/1980)

E acabou a correria do fosfato para redenção do patense. Mas ainda há pessoas que não sabem de nada e perguntam: E Patos que tanto cresce, me fale sobre o fosfato! E outro vai e responde – Isto é verdade, FOI FATO! (15/01/1981)

O Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba trabalham em função de duas cidades. Enquanto Patrocínio fica disputando o título com Patos para se saber qual das duas é a mais burra, no Triângulo a coisa é outra: Deixe que os outros trabalhem, pois quando a luta se acaba, Uberlândia leva uma indústria, e a outra vai prá Uberaba! (15/01/1981)

E por falar em segurança, Patos está dando um exemplo ao Brasil de que é fácil educar o povo: Na minha rua não há cavalo de pau que enrola, eu sou chefe e já montei um mundo de quebra-mola! (31/01/1981)

Mais uma vez se repete a solidariedade do nosso homem do campo, cantando a sua folia para angariar fundos para o Dispensário de São Vicente de Paula. É gente simples ensinando como se faz a caridade: Cada um consegue um pouco e se sente bem melhor. É incrível que esse pouco faz a fome ser menor! (15/02/1981)

Fevereiro chegou. Primeira quinzena. Ninguém fala em festa do milho. Até parece melhor, mas quem sabe se pode inovar: O silêncio fala alto e devagar me “encuco”: se não há festa do milho, faz-se a festa do sabuco! (15/02/1981)

* Fonte: Revista A Debulha, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.

* Foto: Helpveranedacida.blogspot.com.

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