A primeira usina de eletricidade foi inaugurada em 14 de agosto de 1915¹. Pouco menos de trinta anos após a Cidade passava por uma intensa deficiência energética. Em 1942 teve início a construção de uma usina no Ribeirão das Lages, que atendeu a demanda até meados de 1950, auxílio considerável até a chegada da CEMIG em 1961. Com o vertiginoso desenvolvimento do Município, pouco tempo depois foi necessária uma ampliação da nova usina. Mas não foi fácil a conclusão da obra, repleta de contratempos. A edição de 26 de fevereiro de 1956 do jornal Tribuna de Patos publicou o Relatório do 1.º Período da Administração do Prefeito Genésio Garcia Roza. Nele constam explicações sobre o atraso na ampliação da usina:
Conforme já tivemos oportunidade de expôr à egrégia Câmara Municipal, através do projeto que submetemos à sua apreciação, as obras de ampliação da Usina das Lages constituem um capítulo especial da administração.
Iniciando o nosso govêrno, o caso da Usina foi uma de nossas máis constantes preocupações.
O Departamento de Obras verificou, através de inspecções aos serviços, que havia muito ainda por fazer. As Obras civis não haviam, ainda, sido terminadas, e muitas precisavam de reconstrução.
Outro fato grave: o maquinário ainda se encontrava no estrangeiro.
Ora, pelo contrato celebrado entre o Município e a firma empreiteira – Zecil Zech Engenharia Comércio Indústria Limitada -, as instalações deveriam estar concluídas até 23 de janeiro de 1955. E o maquinário deveria estar entregue até Abril de 1955.
Numa das cartas da ZECIL, ao então Prefeito Dr. Jacques Corrêa da Costa, vemos êste trecho:
“Póde estar, Dr. Jacques, que tudo está em franco andamento, não precisando absolutamente de se preocupar. No próximo ano (1954) lhe entregaremos a usina funcionando, muito antes do prazo prefixado. Garanto-lhe, mais uma vez, póde estar tranquilo quanto ao término da obra no próximo ano”.
A ZECIL não pôde cumprir o prometido. O maquinário só chegou aqui em fins do mês de julho de 55, após um trabalho estafante e demorado de nossa parte.
Empreendemos, não apenas uma, mas diversas viagens a Belo Horizonte e ao Rio de Janeiro, para apressar o término da Usina. Chegado o maquinário à Alfândega, do Rio, a Prefeitura teria que pagar cêrca de CR.$ 300.000,00 para o seu desembarque. Tratámos, pessoalmente, com o Exm.º Sr. Ministro da Fazenda, e conseguimos a isenção das taxas alfandegárias, sendo o maquinário liberado.
Quando pensávamos que o caso estava resolvido, começou a causar-nos estranhêsa a atitude da ZECIL, que não acelerava o ritmo de montagem da Usina!
Tomámos, então, uma resolução final: arguir à ZECIL dos motivos da quase paralização das obras. Providenciámos a vinda de seus Diretores e de técnicos a esta Cidade.
Multiplicaram-se as nossas diligências, até que, depois de muito estudo, chegámos a esta solução – única e plausível: a Prefeitura teria que enfrentar o ônus do restante dos serviços a executar, arcando com a responsabilidade financeira de todas as despesas superexistentes.
Foi, desta maneira, que, reunida a Câmara, enviámos projeto de lei, expondo claramente o intrincado assunto, pedindo aprovação de um aditamento contratual com aquela firma empreiteira. A Câmara acolheu o projeto, convertido por unanimidade de votação na Lei N.º 286, de 22/11/1955.
Daí para cá, os serviços foram incrementados, a ZECIL contratado técnicos para o prosseguimento das obras, para não haver máis nenhuma interrupção.
Tudo faz crer, felizmente, que até abril de 56, o Município receberá máis essa quota da nova Usina, que será de 1.000 HP.
Desnecessário dizer-se da importância de tal melhoramento para a Cidade e o Município.
Frízamos, ao termínar éste assunto, que o caso “Usina das Lages” exigiu esfôrço enorme da administração, e sómente a energia e a exata noção do dever, que nos anímam, serviram para a solução definitiva dêste assunto.
* 1: Leia “Eletricidade: Da Lamparina à CEMIG – Histórico da Força e Luz” e “Usina da Cia. Força e Luz no Ribeirão da Mata”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Igepri.org.