Alegria, agitação e muito bom gosto, marcaram o Carnaval/81 do patense; tanto nos clubes como nas ruas (que aliás, foi animadíssimo!).
Ressaltamos aqui o esforço e a garra do Clubinho Carnavalesco do Povo, que alcançou seu intento. Buscou o povo no próprio bairro, levando-o a se “desbundar na avenida”.
Partindo do princípio de que o Carnaval está muito comercializado e perdendo aquela alegria contagiante, necessariamente seria abrir espaço para o “povão” que não tem condição de pagar o ingresso dos clubes. Para isto fizeram o “trio elétrico”, decoraram a Rua Major Gote, no ponto reservado e quebraram o pau. A moçada pulou as quatro noites e o sucesso foi a certeza de que o Carnaval de Rua já é uma realidade. Não podendo mais parar. Esperamos que as autoridades competentes dêem o devido apoio e valorizem esta promoção do CLUBINHO CARNAVALESCO DO POVO, para que a cada ano alcancem mais um ponto, já que sua “batalha” é pelo povo. É isso aí gente boa, continuem em frente.
E no Caiçaras o sucesso foi total. A decoração da artista GUIGA, agradou em cheio e o clube ficou superlotado nas quatro noites.
BETO, decorador do Patos Social Clube, foi bastante feliz em seu trabalho, que ficou lindíssimo e ele nos conta em que se baseou para decorar o salão do Social: “Para a ornamentação do Social, neste carnaval, me baseie na lenda russa onde dizia que, durante certas noites do ano, as bruxas de todo o mundo se reuniam no Monte Azul, para elegerem a “Bruxa do Ano”. Logo que a lua surgia, elas se dirigiam ao castelo do Monte Azul. Lá, elas dançavam, cantavam, bebiam e se entregavam às mais diferentes espécies de orgias. Ao raiar do dia, elas abandonavam o castelo para retornarem novamente na noite seguinte. Ao final de 4 noites, então seria eleita a “Bruxa do Ano”, em meio a uma grande algazarra.
Partindo desta idéia, consegui criar um cenário parecido com o da lenda. Logo na entrada, duas torres indicavam o castelo, e, entrando no grande castelo do Monte Azul (o salão do clube), algumas “bruxas” (modernamente caracterizadas) sentadas em suas vassouras. No interior do salão, coloquei o planeta Saturno rodeado por seus anéis. Sob um teto azul que cobria todo o centro do salão, os anéis giravam juntamente com o planeta e várias estrelas piscavam descompassadamente. Nas laterais opostas figuravam dois painéis. Um como desenho de um castelo e o outro com máscaras, ambos os painéis iluminados. Em pontos estratégicos, coloquei duas meia-luas que também giravam durante todo o tempo; cada uma com uma bruxa sentada em cima. Várias abóboras-máscaras, também iluminadas, preenchiam os cantos do salão.
Bom, foi mais ou menos isso o que consegui durante duas semanas de trabalho. Fiquei muito satisfeito com o produto final, pois, além da distribuição dos motivos decorativos que ficaram bem equilibrados, dando mais estabilidade ao todo, a parte elétrica, ou seja, a iluminação, valorizou muito o trabalho, pois foi cuidadosamente planejada de maneira que um motivo não tirasse o efeito do outro.
O toque final, ficou a cargo dos foliões”.
* Fonte: Texto publicado na coluna “Sem Fronteiras” com o título “Carnaval Patense/81” da edição n.º 20 da revista A Debulha de 15 de março de 1981, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.
* Foto: Multieventos.blog.terra.com, meramente ilustrativa.