Uma das necessidades mais sensiveis desta cidade, é, sem duvida, a da vinda de um delegado formado¹, todas as comarcas possuem esse extraordinario melhoramento, e Patos ainda não o teve. Foi nomeado delegado de policia daqui, um distincto bacharel, que honraria o cargo, si o occupasse. Como é publico e notório, durante mais de um anno em que foi nomeado, nunca esse moço, digno de occupar os mais elevados cargos nas capitaes, assignou uma portaria, nunca deu um despacho siquer no cargo de delegado. Diz toda a gente que isso foi arranjo da politica local com o fim de fazer com que o actual segundo supplente do delegado de policia pudesse perceber a metade dos vencimentos que cabem ao delegado. Ninguem deve ser censurado por dizer a verdade, mormente quando ella é publica e notoria, como neste caso.

Mas acontece que o delegado não se acha de licença concedida por poder algum, sendo assim, o segundo suplente, embora de bôa fè, tem recebido illegalmente os seus vencimentos, segundo entendidos nos affirmam.

Todos sabem que autoridades judiciarias tem se queixado amargamente da situação em que se acha o Termo, em materia de repressão penal. Todos sabem que essas autoridades podem ser desacatadas impunemente, como uma já o foi, na praça publica, por pessôa de grande responsabilidade, sendo também publico e notório.

O Dignissimo Dr. Chefe de Policia , naturalmente ha de tomar em consideração estas linhas.

* 1: Leia “Jornal O Commercio Solicita Delegado Formado”, “Jornal O Commercio Reitera Solicitação de Delegado Formado”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Delegado Formado” na edição de 05 de abril de 1914 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Início do primeiro parágrafo do texto original.