COINCIDÊNCIA

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Maristela saiu de um consultório médico na Avenida Paracatu numa tremenda felicidade. Tão feliz, que resolveu zanzar pelas ruas da Cidade, nos passeios, óbvio. A energia era tanta, que quando percebeu estava na orla da Lagoa Grande. De repente, não mais que de repente, veio-lhe uma vontade tremenda de saborear um pastel. Então caminhou até uma pastelaria na Avenida Brasil e chegando lá, solicitou o salgado e uma garrafinha de guaraná. Não demorou muito, entra na lanchonete um primo:

– Uai, Maristela, que coincidência, você por aqui, quanto tempo não te vejo.

– Oi Fred, pois é, como vão as coisas lá em Santa Maria?

– Tirando a falta de água e de luz todos os dias, a família vai bem.

– E a Tia Rosinha, ainda está criando galinhas d’angola?

– Está lá firme e forte, inclusive está numa alegria que você precisava ver… mas peraí, que cara de felicidade é essa?

– Ó Fred, você sabe que eu e o Astolfo já temos 15 anos de casados e ainda não temos um filho. Saí agora a pouco do ginecologista e com o exame positivo de gravidez. Por isso estou tão feliz assim.

– Mas que trem mais bão do mundo, Maristela, e que coincidência, pois de uns tempos pra cá, muitas galinhas chocavam e nada de pintinhos, até que resolvemos o problema e já tem mais de seis meses que tá nascendo pintinho que é uma beleza.

– Muito legal, Fred, a Tia Rosinha deve estar numa felicidade tremenda, e você também está com uma cara de muita felicidade.

O primo Fred também pediu um pastel com uma garrafinha de guaraná e o papo familiar deu uma guinada e foi longe nas lembranças. Aí a Maristela voltou ao assunto galináceo:

– Fred, diga o que vocês fizeram para resolver o problema das galinhas d’angola que não estavam produzindo pintinhos.

– Prima, foi pelo menos um mês quebrando a cabeça, trocando as galinhas velhas pelas novas, trocando a ração, ouvindo opiniões de amigos até que um deles, muito mais entendido do que nós, matou a charada: troca o macho. Aí, pronto, Maristela, foi só trocar o macho e danou a nascer d’angolinha, que mesmo não sendo muita coisa, é a maior diversão da mamãe.

A Maristela deu um baita sorriso, e numa enorme felicidade, lascou:

– Fred, mas que coincidência!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 25/02/2020 com o título “Palacete Mariana na Década de 1960”.

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