Li um boletim assignado por “A Commissão” (não traz mais assignatura alguma) dizendo ser preciso manifestar-se ao Dr. Marcolino de Barros, advogado e presidente da Camara Municipal de Patos, solidariedade, visto “apaixonados intolerantes” estarem hostilisando o referido senhor (não tenho de memoria os termos do boletim). Sinto-me bem, declarando que se “A Commissão” (?) me julga um apaixonado tolerante ou intolerante, engana-se completamente. Como està no plural, è bem possivel que “A Commissão” não queira referir-se a mim, porque politicamente fallando, não estou discutindo a personalidade do Dr. Marcolino de Barros. Estou tratando de um caso isolado, impessoal, sem paixão, sem côr politica. Assim sendo, duzentas mil manifestações, não conseguirão jamais apagar, nem siquer attenuar as verdades dos factos que venho trazendo a publico, principalmente os tristes factos de 22 de Março do anno passado, testemunhados por cidadãos distinctissimos, honestos, acima de quaesquer suspeitas.
Si “A Commissão” diagnosticou em mim, um caso de “intolerancia apaixonada”, enganou-se.
Politico não sou, si tive occasião de manifestar o meu pezar por ter a politica local feito contra mim, um pedido injusto, deixando de tratar de coisas que agradariam ao povo, foi como um argumento necessario para demonstrar que mais houve um capricho individual do que qualquer outra coisa. Mais vale um pequeno melhoramento na cidade do que o pedido de não reconducção de um Juiz ou Promotor que tenham cumprido com seus deveres. No meu artigo ultimo, quando disse que os sentimentos do Dr. Marcolino de Barros para com os collegas que aqui tém estado não foram os sentimentos de amizade e consideração, não quis intrigar o Dr. Marcolino com esses colegas, quero apenas mostrar que não foi apenas commigo que o dr. Marcolino de Barros teve attrictos no Termo e Comarca de Patos. S.S. os teve com todos os colegas que aqui estiveram em tempo apreciavel, a attrictos mais ou menos graves. Isso eu o digo para que se não digam que somente eu offendi ao Dr. Marcolino. Quanto a mim, não preciso de conforto em forma de manifestações obrigadas a foguetorios e “copos d’agua”; a minha acção como Juiz e cidadão em Carmo do Paranahyba e aqui està entregue a apreciação das consciencias honestas.
Desse exame, resulta-me uma manifestação muda na forma, porém vibrante e eloquente na sua significação. É quanto basta.
(Continúa).
* Fonte: Texto de João da Costa Rios publicado com o título “Termo de Patos V” na edição de 19 de abril de 1914 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.
* Foto: Início do primeiro parágrafo do texto original.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.