DIVERGÊNCIA DE OPINIÕES SOBRE O MURO DA QUADRA DE ESPORTES DO PTC

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A divergência de opiniões é característica natural e, acima de tudo, essencial entre grupos que compõem a sociedade. Talvez seja a marca mais forte do padrão de comportamento humano. Por exemplo, quando Nélson Rodrigues lapidou a frase “toda unanimidade é burra” muitos concordaram com ela, e outros tantos não.

Um bom exemplo de divergência de opiniões em Patos de Minas aconteceu em 1980, quando a diretoria do Patos Tênis Clube resolveu murar a sua Praça de Esportes. Eis a opinião de Edson Geraldo, publicada na edição n.º 2 da revista A Debulha, de 31 de maio:

Somente um arrojo administrativo como o de Aduvaldo Ramos para conseguir uma obra como aquela que ali agora se introduz: a muragem total da área lá da Praça de Esportes. Mais de 300 metros, tornando o PTC muito mais vistoso.

Praticamente um mês após, na edição n.º 4 da mesma revista, de 30 de junho, Murilo Corrêa da Costa declarou opinião totalmente oposta:

A direção do PTC ou Patos Tênis Clube, está demonstrando mentalidade de velho casado com moça nova e bonita, construindo em volta da Praça de Esportes um horroroso muro eriçado de cacos de vidro. O que é isto minha gente? O que estará acontecendo em nossa infeliz Patos de Minas. Aquele muro da vergonha e aqueles cacos de vidro revelam uma agressividade que não condiz com a natureza nem com as finalidades do imóvel. Sinceramente, não consigo perceber o que teria levado a direção do PTC a tomar iniciativa tão infeliz e tão atentatória aos nossos foros de cidade civilizada. Afinal de contas, que insuspeitados segredos ou tesouros se escondem no interior da outrora aconchegante Praça de Esportes? Mais uma vez vejo-me obrigado a divergir da direção do PTC e lanço o mais veemente protesto contra a violência que se pratica contra todos nós e contra a estética. A Praça de Esportes não é uma propriedade privada dos diretores que, mais uma vez, revelam a vocação que sempre demonstraram para atitudes ditatoriais. Aquele malfadado muro é uma bofetada no rosto do povo de Patos e aqueles cacos de vidro retratam com terrível frieza e eloquência a agressividade e a intolerância dos que se eternizam nos cargos de direção.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Revista A Debulha, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.

* Foto: Fotos.habitissimo.com, meramente ilustrativa.

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