ATROFIA PROGRESSIVA DE RETINA EM CÃES

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A atrofia progressiva de retina (APR) é o termo utilizado para designar um grupo de retinopatias degenerativas hereditárias com características heterogêneas que podem acometer cães e gatos, sendo mais prevalentes na espécie canina. A APR é uma doença que pode ter herança autossômica dominante, autossômica recessiva ou ligada ao cromossomo X. Dentre as doenças degenerativas de retina é a mais frequentemente diagnosticada. Já foi descrita em mais de 100 raças de cães, sendo as mais acometidas: o Cocker Spaniel Inglês, o Labrador Retriever, o Poodle Toy e o Poodle Miniatura.

Os animais afetados apresentam indicativos clínicos de déficit visual com graus de progressão variados e que se manifestam em idades diferentes dependendo da raça. Em um primeiro momento, o sinal clínico evidente é a nictalopia (incapacidade ou a dificuldade de enxergar bem em ambientes com baixa luminosidade ou durante a noite) devido a degeneração da camada externa da neuroretina e de um de seus componentes, os bastonetes. Posteriormente, com o avanço da doença, desenvolve-se a cegueira completa, quando passa a afetar um outro grupo de células, os cones. Apesar de a maioria das afecções sob essa classificação ter início nos bastonetes e depois passar a degenerar os cones, existem algumas nas quais o inverso ocorre, a exemplo das cone-rod dystrophies.

O diagnóstico da doença é baseado no histórico, exame clínico oftálmico, oftalmoscopia, eletrorretinografia, testes genéticos, além de ultrassonografia ocular, avaliação histopatológica e tomografia de coerência óptica como exames complementares. A oftalmoscopia evidencia atenuação vascular, hiperreflexia da área tapetal e despigmentação da área não-tapetal. Enquanto a eletrorretinografia demonstra normalmente menor resposta de bastonetes ou cones, dependendo de qual tipo de célula é afetada primeiro, devido a sua perda de função e em casos mais avançados observa-se a extinção de respostas de ambos os tipos celulares. No exame histopatológico é possível observar, de maneira geral, a diminuição na quantidade de fotorreceptores e desorganização das camadas externas de cones e bastonetes. A APR pode ser classificada de acordo com a idade do início da manifestação clínica e a sua taxa de progressão, podendo ser considerada: early onset ou late onset – que são respectivamente início precoce (displasia) e início tardio (degeneração).

Não existe tratamento estabelecido para a APR, no entanto, pesquisas com medicamentos e terapia gênica estão sendo realizadas.

* Fonte: Revisão de Literatura − Atrofia Progressiva de Retina em Cães (02/12/2021), de Alexandre Longo Filho, Amanda Souto Sarti, Danielle Shiguihara, Maritza Nunes Severiano, Raquel Yurie Hioki e Thais Soares Jassek.

* Foto: clubeparacachorros.com.br.

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