DR. LÚCIO FLÁVIO QUEIROZ CORRÊA FALA DA CASA DE SAÚDE IMACULADA CONCEIÇÃO

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Quando foi fundada esta Casa de Saúde, e quem foram seus fundadores?

A Casa de Saúde foi fundada em 8 de dezembro de 1945, pelo Dr. Paulo Corrêa da Silva Loureiro, ao qual, logo se uniu, seu irmão e meu pai, Dr. Benedito Corrêa da Silva Loureiro.

Há pouco foi inaugurado o que vocês mesmos chamaram de primeira etapa. Isto significa dizer que mais alguma coisa deve ser construída? E quando isto deverá ocorrer?

A parte recém-inaugurada corresponde a dois terços do que será o hospital. Construímos 2.500 metros quadrados de área. Faltam ainda aproximadamente mil metros de construção para concluirmos a obra. Se tudo correr bem, possivelmente, dentro de uns cinco anos, iniciaremos a segunda etapa.

Nesta primeira etapa, o que foi construído?

Na área inaugurada temos 51 leitos, para atendimento aos associados do INAMPS, Cooperativa do DER, Previdência Social, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e FOSFÉRTIL. Aumentamos 25 leitos em relação ao que existia, pois uma parte foi desativada. Temos por enquanto, apenas uma suíte, que deixaremos a título de experiência. Se a demanda for boa, poderemos instalar mais uma.

Estes leitos estão distribuídos em quantas enfermarias?

Temos enfermarias de no máximo quatro leitos, sendo a maioria de três e para cada seis leitos temos um banheiro.

Como ficou o internamento para particulares ou para internamentos com diferença?

Conservamos os mesmos nove apartamentos existentes e aumentamos uma suíte, podendo mais tarde termos mais uma, como já disse.

O que mais está funcionando na parte nova?

Temos aqui a Unidade de Terapia Intensiva, onde podemos receber no máximo dois pacientes.

Para a Unidade de Terapia Intensiva vocês têm convênio com o INAMPS?

Não, porque este hospital estava classificado em uma categoria inferior, ou seja, na 3.ª categoria. Agora deverá ocorrer uma fiscalização por parte do INAMPS para reclassificar o hospital, mas não se informa quando isto ocorrerá, podendo demorar muito, pois o Hospital São Lucas, ainda não foi reclassificado até hoje. Assim, ficaremos em uma estrutura nova, recebendo a preços da estrutura velha e sem podermos utilizar a UTI. Segundo informação da Agência local do INAMPS, nem ela mesma será informada da data desta inspeção que virá de Belo Horizonte, para reclassificar o hospital. Diante disto, os hospitais que estão construindo e se remodelando estão tendo grande prejuízo financeiro perante o INAMPS.

Pode continuar enumerando as dependências da etapa inaugurada.

Temos lá também, o Centro Cirúrgico que é composto de duas salas: uma para cirurgia geral e outra para cirurgias ortopédicas e um centro obstétrico independente. A maca que transita pelos corredores do hospital, não entra no centro cirúrgico; quando ela chega ali, há uma transposição do colchão com o paciente para outra maca que está no interior do centro cirúrgico, evitando-se assim, a sua contaminação. O Centro Obstétrico é composto de seis leitos para pré-parto, de onde a paciente é transferida para a sala de parto e no caso de cesariana, ela é transferida para a sala de cirurgia e em ambos os casos, o recém-nascido é diretamente transferido para o berçário que se comunica diretamente com o centro obstétrico e com o centro cirúrgico. No berçário temos uma área isolada para os recém-nascidos contaminados, outra para os prematuros onde fica a estufa e finalmente a parte do berçário propriamente dito, para os recém-nascidos normais. Nessa área temos condições de receber doze recém-nascidos, o que faz com que aumentemos o número de leitos para 63, já que havíamos nos esquecido disto quando mencionamos no início, o número de leitos. Dentro do berçário temos o lactário, onde são preparadas as mamadeiras, existindo lá um fogão e uma geladeira. O departamento de Raios-X também está instalado nessa parte nova. Temos um aparelho Siemens de 500 mil amperes, com apenas sete anos de uso. Temos também dois Raios-X móveis, uma na sala de cirurgia geral e outro na de cirurgias ortopédicas. O Laboratório de Análises Clínicas completo, com aparelhagem nova, onde praticamente todos os exames podem ser realizados também estão lá. Nesta parte nova temos três consultórios médicos e ainda a parte administrativa e de suporte, que consta de cozinha, copa, lavanderia (onde não há cruzamento de roupas contaminadas com roupas limpas, o que é uma inovação atendendo a uma recente exigência do INAMPS. A Secretaria está funcionando de maneira improvisada. Temos também aqui, uma parte que é uma inovação para a cidade: nosso necrotério deverá funcionar também como velório que serve ao hospital e estará aberto à população.

O serviço de enfermagem do hospital está bem?

Temos vinte enfermeiras e quatro enfermeiros e possivelmente a partir de janeiro, devemos iniciar um curso de enfermagem para treinamento, de mão de obra, que é muito falha no setor hospitalar de Patos. Tentaremos dar uma formação melhor aos indivíduos, para melhorar o atendimento. O SENAC promove cursos desta natureza, mas infelizmente isto é feito muito raramente. Somente já ouvi falar de um curso destes o que é lamentável, pois há uma demanda muito grande e a mão de obra é muito desqualificada. Este curso será dirigido pela enfermeira Marisa Cunha, que a partir de janeiro estará prestando seus serviços ao nosso hospital. Iremos primeiramente, melhorar nossa mão de obra e posteriormente, conforme os resultados procuraremos atender à cidade e região. É uma coisa a pensar.

O que será feito na parte do hospital que foi desativada?

Estamos construindo e modificando para instalar o Pronto Socorro com entrada pela Avenida Brasil e instalar onze consultórios médicos, com sala de espera, devendo entrar em funcionamento talvez em janeiro. O centro cirúrgico antigo, está sendo remodelado de tal maneira que uma de suas salas será destinada às cirurgias contaminadas para distanciar bem do centro cirúrgico novo e a outra o ambulatório do Pronto Socorro.

Como será constituído o corpo clínico do hospital?

Nosso corpo clínico está formado por quinze médicos: Dr. Antônio Hipólito-Pediatra; Dr. Benedito Corrêa da Silva Loureiro-Cirurgia Ginecológica, Ginecologia e Obstetrícia; Dr. Carlos Marcelo-Oftalmologia; Dr. Cristiano Rubinger de Queiroz-Anestesiologia e Clínica Médica; Dr. Edvaldo Antônio Gontijo do Amaral-Ginecologia e Obstetrícia; Dr. Eugênio Corrêa Loureiro-Otorrinolaringologia, Otologia, Otoneurologia, Broncoesofagologia; Dr. Celso Corrêa Loureiro-Ortopedia e Traumatologia; Dr. José Olinto Natividade Milagre-Eletrocardiograma comum e de esforço. Cardiologia, Pneumologia e Clínica Médica; Dr. Lúcio Flávio Queiroz Corrêa-Cirurgia Geral e Proctologia; Dr. Márcio Severo Rios-Patologia Clínica e Laboratório Médico; Dra. Maria Luísa Mendes França-Pediatria e Vacinações; Dr. Napoleão Araújo Costa-Radiologia; Dr. Paulo Corrêa da Silva Loureiro-Clínica Médica; Dr. Paulo Roberto Pinheiro Borges-Ginecologia e Obstetrícia; Dr. Teotônio Biá Tobias França-Neurologia, Neurocirurgia, Eletroencefalografia.

Qual é a composição da diretoria da Casa de Saúde?

Diretor Presidente: Dr. Benedito Corrêa da Silva Loureiro; Diretor Clínico: Dr. Paulo Corrêa da Silva Loureiro; Diretor Administrativo e financeiro: Dr. Lúcio Flávio Queiroz Corrêa. Os Drs. José Celso Corrêa Loureiro e Eugênio Corrêa Loureiro, também compõem a diretoria, sem um cargo específico. Temos um elemento de grande valor na administração que é o contabilista Apolinário Mendes de Andrade, Administrador Hospitalar. Ficam a cargo dele todas as compras, estoque de medicamentos, roupas, contrato e dispensa de funcionários. Ele é o nosso carro-chefe.

Houve algum financiamento para a construção?

Não. Fizemos tudo com recursos próprios. O mobiliário é quase todo novo e o que era usado foi todo reformado¹.

Você tem alguma homenagem ou agradecimento a fazer?

Sim. Temos que agradecer à nossa clientela, pela colaboração e paciência que tiveram conosco enquanto estávamos com nossas acomodações piores, esperando agora, continuar contando com o mesmo apoio, dando-lhes agora maior conforto.  Também prestar uma homenagem ao Dr. Paulo, que foi o iniciador do hospital e ao Dr. Benedito, que logo depois assumiu com ele, dando-lhe decidida colaboração. Não poderia de deixar de registrar nossos agradecimentos ao meu primo Flaviano Corrêa Loureiro, que teve uma participação decisiva para que se concretizasse a construção.

Você tem mais alguma coisa a dizer?

Quero aproveitar a oportunidade para tornar público um apelo que já fizemos ao Prefeito, em relação ao problema da água pluvial. Em virtude a Avenida Getúlio Vargas ser muito plana, qualquer chuva mais forte faz com que a água cubra totalmente a calçada que é muito baixa, desde a Igreja Presbiteriana até a porta do hospital. Isto nos traz um transtorno muito grande, porque torna-se totalmente impossível a entrada ou a saída do hospital naquelas ocasiões. E o pior ainda é quando a água escoa fica sobre o passeio uma expessa camada de lama que prejudica demais a higiene do hospital. Fiz um apelo ao Prefeito e ele me disse já haver encaminhado o assunto ao Vice-Prefeito, que é o Diretor do Departamento de Obras, mas é urgente que se faça alguma coisa.

* 1: O prezado Dr. Lúcio Flávio se esqueceu de um fato que muito contribuiu para o desenvolvimento da Casa de Saúde Imaculada Conceição. Leia “Doação de Terreno Para a Casa de Saúde Imaculada Conceição”.

* Fonte e foto: Entrevista de Dirceu Deocleciano Pacheco e João Marcos Pacheco publicada com o título “Dr. Lúcio Flávio Queiroz Corrêa (Diretor Administrativo e Financeiro da Casa de Saúde Imaculada Conceição Ltda) na edição n.º 83 de 31 de dezembro de 1983 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

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