PREFEITO SUPIMPA

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A candidatura de Jacinto Leite Aquino Rego foi de repente, faltando apenas um mês para as eleições. Mas foi de um convencimento tão medonho, com suas promessas registradas em cartório, e se caso não cumpridas no período de um ano renunciaria, que nesse pouco tempo de campanha não teve jeito: foi eleito. Afinal, o patense já estava cansado da incapacidade administrativa dos últimos ocupantes do trono da prefeitura.

Na posse apoteótica do cargo, ele foi claríssimo:

– Tenho a Lei como meu escudo, e essa Lei se chama Código de Posturas. Como não tenho rabo preso com ninguém e não devo favores políticos a quem quer que seja, a minha função vai ser, através do Código de Posturas, transformar Patos de Minas numa Cidade agradável para se viver e isso vale para todo o Município. Ah, vale lembrar que todos os outros Códigos serão regiamente acatados e cobrados, como a Saúde, Educação e Segurança.

E o Jacinto não perdeu tempo. Logo no primeiro dia como Prefeito convocou uma reunião com o Comandante do Batalhão de Polícia, e nessa reunião foi decretado que estava terminantemente proibido o trânsito de qualquer tipo de moto com escapamento fora de sua originalidade. A ordem era autuar o sujeito e apreender a moto, válido para qualquer carro e este também com som alto. No outro dia veio a proibição de transito pesado no Centro. Para tanto foram afixadas imensas placas um quilômetro antes das duas BRs do Trevo da Pipoca com a recomendação para as carretas e bi-trens transitarem pela Rodovia do Contorno. Para os caminhões pesados, foi construído um Centro de Distribuição nas dependências da CEASA, onde as mercadorias seriam distribuídas em veículos com cargas compatíveis para transitarem por todas as ruas da Cidade sem causarem estragos nas vias.

E assim o Jacinto foi ajeitando a Cidade: deu um prazo de três meses para todos os donos de lotes e terrenos murarem seus bens e, acima de tudo, os manterem limpos, e aqueles que não o fizeram foram devidamente multados com as ditas multas inclusas no IPTU; obrigou os estacionamentos particulares a cobrarem por fração de 15 minutos, e um que não cumpriu foi lacrado; corrigiu uma infinidade de insanos toldos do comércio no Centro; obrigou a inúmeros proprietários a corrigiram os seus passeios e entradas de garagem tipos escadas. E assim o Jacinto foi salvando a Cidade e os Distritos.

Depois de moralizar o nosso Código de Posturas, o Jacinto começou a moralizar o nosso Sistema de Saúde, de Educação e de Segurança. Uma enormidade de procedimentos estava na fase de concretização, para felicidade geral dos Contribuintes, e eu como um deles estava feliz da vida, depois de aguardar apenas cinco minutos na UPA para ser atendido. Estava tão feliz que gritei alto:

– Êta Prefeito Supimpa!

Nessa senti um cutucão no ombro. Foi quando acordei com minha esposa ralhando:

– De novo sonhando com um prefeito capaz e comprometido com o Contribuinte? Tem dó, sô, caia na real, seu bocó!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 06/06/2014 com o título “Antiga Rodoviária no Final da Década de 1970 − 1”.

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