JOVENS SEM JUÍZO

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JOVENSTEXTO: JORNAL CORREIO DE PATOS (1976)

ÀS DD. AUTORIDADES DESTA CIDADE DE PATOS DE MINAS

A cidade está assustada! A cidade, Excias., perdeu a sua paz. A Família patense já não dorme tranquila, diante dos abusos impunes a que está exposta e que se multiplicam dia a dia.

Sabem V. Excias. que esta cidade de Patos de Minas está sendo agitada por bombas, sejam elas de que origem forem. O importante é que há uma ação “terrorista” de péssimo mau gosto. E essa brincadeira irresponsável está trazendo consequências incalculáveis. Há medo e há pânico. Brevemente poderão gerar uma comoção popular dentro de uma de nossas casas de diversão, com as consequências que V. Excias. bem podem avaliar. E depois? Um parente bem próximo de V. Excias. poderá ser uma das vítimas que o pânico em tais situações costuma fazer…

Patos de Minas está sendo tomada de assalto. Meninos glabros, ainda cheirando a mijo das fraldas de ontem, impõem suas vontades atrevidamente, sem que alguém lhes diga um basta, lhes mostre o contra-senso.

Será a Juventude essas menininhas de calças “blue-jeans”, blusões e camisas até os joelhos, encarapitadas na cintura de um lambretista de enormes cabelos a lhe subirem pelas orelhas?

Temos assistido rapazes e moças, quase meninos, em suas motos e lambretas, fazendo “programa” à beira de nossas estradas asfaltadas, bem longe dos olhos dos falecidos pais… E são mocinhas que nunca foram tão disponíveis neste tempo de tanta permissividade… E, pasmem V. Excias., são filhos de gente bem; gente de muito dinheiro, de muito nome, de muito “status”… Mas, Excias., se é pacífico que prestígio e dinheiro não dão carater e moral aos filhos, convenhamos que tudo isso não deve servir de empecilho às providências urgentes que se fazem necessárias.

Há muita pouca ou nenhuma vergonha acobertada pelo nome de família e pelo dinheiro. E certamente os terroristazinhos serão encontrados em casa de gente bem. Gente pobre não tem dinheiro para manter status dentro de um Caiçaras ou dentro de um Patos Social.

O mal é necessário saná-lo em sua raiz. Não é suficiente que nos alarmemos com seus frutos somente quando se fazem visíveis e nocivos. Buscar remédios de urgência quando o mal se faz incontrolável, não é boa pedagogia. Prevenir vale mais do que remediar!

Lançamos um apelo a V. Excias. em cujas mãos estão as leis e as possíveis soluções para tão evidentes problemas. O que não cabe é que a covardia do nosso silêncio e da nossa omissão sirva de estímulo a esses meninos que, fedendo a mijo, ainda não cheiram a homens!

Se não agirmos depressa, esta cidade será comandada por moleques que nos imporão as suas atitudes. Não há opção!

* Fonte: Texto publicado na edição de 18 de setembro de 1976 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Jovens.betel-bauru.com.

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