PROIBIDO FOGOS DE ARTIFÍCIO COM ESTRONDOS PARA NÃO INCOMODAR OS “TOTÓS”. ENQUANTO ISSO…

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TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2021)

O Município de Patos de Minas é diariamente atazanado por problemas estruturais, como qualquer um no país do pau brasil, sem exceção. São tantos problemas estruturais por aqui que a enumeração resultaria numa longa lista. Isso vem de décadas, consequência de seguidas administrações inócuas. Cabe a cada Município ter os gestores comprometidos com suas funções para que esses problemas estruturais influam o mínimo possível na qualidade de vida de seus moradores. Eis o grande, o enorme problema: ter gestores comprometidos com suas funções para que esses problemas estruturais influam o mínimo possível na qualidade de vida de seus moradores.

Entre tantas mazelas que atormentam os munícipes patenses, uma delas vinha incomodando o edil José Eustáquio de Faria Júnior: barulhos. Ele buscou na consciência a quantidade enorme de barulhos que diariamente azucrinam a vida dos habitantes da Cidade. E sobre a quantidade enorme de barulhos que incomodam os munícipes, ele pesquisou deveras e nessa atividade consumiu uma enormidade de neurônios até que vislumbrou-se em sua especialíssima mente que os totós do Município estavam sendo deverasmente atormentados pelos fogos de artifício com estrondos. Então, decididíssimo, resolveu por um fim a essa sandice. Aprovado com senões pela câmara, ele enviou um projeto de lei ao prefeito Luís Eduardo Falcão, que o sancionou.

Não é bacaninha o nosso poder público? Quanta preocupação dele com os totós que são atormentados por fogos de artifício com estrondos, como se aqui em Patos de Minas, DIARIAMENTE, os fogos de artifício atormentam os totós. Mais bacaninha ainda é a foto do edil e do prefeito acompanhados de um totó, os três sorridentes passando a mensagem de que acabara de ser sanado um dos maiores problemas que atormentava todo o Município de Patos de Minas.

É nessa que meus únicos dois neurônios, o Idi e o Ota, começam a digladiar num quiproquó abismal sobre a finalidade e, principalmente, a utilidade da câmara municipal. Obviamente, e muito obviamente, é que o Idi e o Ota jamais e em tempo algum discordam de se proteger os totós dos estrondos dos fogos de artifício. Como dito acima, o Município está atolado em problemas estruturais por culpa EXCLUSIVA do poder público que não cumpre as LEIS. Todos os nossos códigos são desrespeitados, começando pelo CÓDIGO DE POSTURAS, e ninguém do poder público se arvora na pretensão de fazer valer a Lei. Enquanto os vereadores deveriam estar atrelados em fazer as nossas Leis serem cumpridas, eis que no meio de tantas MAZELAS a serem CORRIGIDAS nos aparece o dito vereador, que joga para debaixo do tapete todas as nossas MAZELAS, e cria uma Lei proibindo fogos de artifício com estrondos para não prejudicar os totós. Não é bacaninha?

Esse vereador se esqueceu da quantidade de acidentes gravíssimos que acontecem com as pessoas que soltam fogos de artifício e com as chamadas cabeças de nego e outras bombinhas que igualmente causam estrondos violentos, muitas que tiveram mãos e braços mutilados. Mas para ele, pouco importa os graves acidentes com suas mutilações e até mortes, a pretensão é somente não incomodar os totós. Quer dizer, se não pode mais fazer barulho lá em cima, ele será feito aqui mesmo no chão com as cabeças de nego e afins. Simples!

Com essa inócua decisão, pois será mais uma lei a não ser cumprida como todas as do CÓDIGO DE POSTURAS, a câmara municipal, através do edil José Eustáquio de Faria Júnior, o prefeito Luís Eduardo Falcão e todos os representantes do ministério publico, deixam mais do que evidente que a proibição é somente para os fogos de artifício com estrondos que incomodam os totós. Os munícipes devem estar atentos de que todas as demais IRREGULARIDADES, incluindo as cabeças de nego e congêneres, continuam EFETIVAS, tais como:

– Motos ensurdecedoras que atazanam a vida dos munícipes 24 horas por dia, 365 dias por ano e que causam enormes prejuízos à saúde dos mesmos, incluindo os totós.

– Camionetes e outros veículos com sons ensurdecedores que atazanam a vida dos munícipes 24 horas por dia, 365 dias por ano e que causam enormes prejuízos à saúde dos mesmos, incluindo os totós.

– Estradas rurais em péssimas condições, ano após ano, principalmente no período chuvoso, com inúmeras pontes em estado de calamidade, sendo que algumas desabaram.

– Carretas arrebentando o pavimento da Rua Major Gote e outras vias do Centro que atazanam a vida dos munícipes 24 horas por dia, 365 dias por ano, e que causam enormes prejuízos aos bolsos dos Contribuintes.

– Lotes e terrenos não murados, inúmeros no Centro, que ora são matagais, depósitos de lixo, moradia de animais peçonhentos e/ou que transmitem doenças, esconderijos de bandidos, focos de queimadas e que enfeiam a Cidade pra caramba.

– Estacionamentos particulares não cobrando por fração de 15 minutos.

– Toldos do comércio do Centro que são verdadeiras armadilhas aos pedestres.

– Passeios em que, na maioria, nem trator trafega, imagine então deficientes, e o exemplo da Rua Ceará é uma das maiores vergonhas nesse quesito¹.

– A COPASA com seus infames recapeamentos após suas obras nas vias, um verdadeiro e nojento acinte ao Município.

– Carroças trafegando pelas ruas mais movimentadas do Centro, mesmo com trânsito intenso nos horários de pico.

– Imensas filas de espera nos hospitais públicos aguardando cirurgias, desde antes da pandemia.

É isso aí e muito, muitíssimo mais, que o vereador José Eustáquio de Faria Júnior e todos os seus 16 colegas, o prefeito Luís Eduardo Falcão e o ministério público deveriam estar combatendo com muito afinco para que esses problemas estruturais influam o mínimo possível na qualidade de vida de seus moradores. Isso sim seria a dignidade do poder público ao honrar o salário que recebe trabalhando em prol daqueles que mantêm a sobrevivência do Município: OS CONTRIBUINTES!

Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos, canta o Zé Geraldo. Pois é, enquanto isso o povo vai sendo iludido com lindas panorâmicas da Matriz e da Avenida Getúlio Vargas (afinal, toda cidade vista de cima é linda) e com a momentânea lindeza da iluminação de Natal, sem perceber a realidade dos fatos. Para mim, a certeza que paira no ar, dois dias antes do fim do ano, é que em 2022 teremos mais 365 dias de inocuidade do poder público.

Não chore por mim, Patos de Minas, eu que tanto a prezo e lhe divulgo mundo afora, choro por ti!

* 1: Leia “Aberração no Passeio – 10: Atentado à Vida do Pedestre”.

* Foto: pt.depositphotos.com, meramente ilustrativa.

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