Encerrado mais um Festival Patense de Música Inédita, o quarto por sinal. Pode não ter sido o melhor em termos de organização, mas em questão de qualidade musical talvez tenha sido o mais “experiente” dos quatro. Aliás isto não é uma opinião isolada, pois de acordo com a Doroty Marques: “Um dos festivais melhores que eu já vi até hoje foi esse aqui em Patos de Minas. E eu não estou falando isso para ‘puxar saco’ não, que eu não sou disto, muito pelo contrário. O pessoal todo tentando fugir dos chavões, dos clichês musicais que nós chamamos. Isso foi muito bom mesmo”.
E precisa dizer mais? Precisa sim. Ficou faltando um pouquinho. Onde os programas com as letras das músicas? E o nome dos compositores na frente de nome das músicas no voto popular? Não estamos aqui para atacar ninguém, afinal nós sabemos das dificuldades da organização de um festival destes. Portanto, antes de tudo os parabéns para a diretoria da UEP e o pessoal da Casa de Cultura. Se houve falhas elas não podiam ser controladas.
Mas fica a lembrança de que tudo deve ser sempre melhorado, por isto o comentário. Não quero dizer que o som tenha sido dos piores, mas podia ser melhorado. E a iluminação? Devia haver uma iluminação durante as apresentações.
Em compensação houve as perfeições. O corpo de jurados por exemplo, foi muitíssimo bem escolhido: Maestro Cícero, Tomaz Olivieri, Wander Porto, Márcio Maciel, José Afonso, Doroty Marques e Geraldo Biazon. Indiscutível a capacidade desse pessoal.
A divulgação também não foi muito bem organizada. Deveria ter sido realizada uma maior abrangência de toda a região e Estado. Porque não recorrer aos jornais, revistas e emissoras de rádio para isto? Temos certeza que ninguém iria negar fogo na hora de ajudar.
São coisas que devem ser orientadas para o ano que vem. Devemos tentar fazer desse festival um nome, como o de Ouro Preto, Diamantina, Muriaé, e tantos outros por aí afora. Capacidade não falta de jeito nenhum.
Com relação ao resultado, os jurados escolheram para premiação:
1.º Lugar − “Dos Sinos” (Carlos Magno e João Vicente), que foi interpretada por Carlinhos Santana e Vane Pimentel. Essa música conquistou também o prêmio de melhor arranjo.
2.º Lugar − “Feira do Canto” (Grupo Carambola), com interpretação do Grupo Carambola, que alcançou também o prêmio de melhor intérprete com esta música.
3.º Lugar − “Cavaleiro da Ressurreição” (Valdemar da Silva), interpretada pelo Valdemar − o Gavião − vencedor do III FEPAMI, e por Clarete.
Ainda foram premiadas “A Mando do Sonhar”, como melhor letra. Um trabalho sensacional do Anísio Dias com o Helder (Prekexé), e a “Ciranda de Pedra” como canção popular, também do Grupo Carambola.
Não nos cabe julgar a escolha feita pelos jurados, que como já dissemos, têm uma capacidade indiscutível. Além disto, o ideal seria premiar todo mundo, já que de um modo geral o FEPAMI mais pareceu uma mostra de muito bom gosto, do que propriamente um festival, coisa que só eleva a qualidade. Fica portanto os nossos parabéns a todos que atuaram para o êxito deste festival, inclusive o público que compareceu de uma forma razoável e atuou muito durante as apresentações.
Foi um bom festival, mas sinceramente tomara que seja pior do que o ano que vem. Valeu pela batalha, e sem dúvida deve ter sido uma guerra para a organização. Fica o incentivo e o apoio para a continuidade do trabalho daqui para frente.
* Fonte: Texto de João Vicente publicado no n.º 61 de 31 de dezembro de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Pt.dreamstime.com, meramente ilustrativa.