No encontro regular de amigos num bar do Bairro Jardim Panorâmico, todos eles já rodados, e isso uns dois anos antes do Covid-19, o Godofredo sempre aparecia com uma charada. Certa vez ele veio com essa:
– O que tem a ver proteína animal com biblioteca?
Era quando começava o zum-zum-zum do tipo tem dó, Godofredo, de novo não e ninguém respondia e ele mesmo matava a cobra e mostrava o pau:
– Proteína animal lembra carne; carne lembra gado; gado lembra pasto; pasto lembra desmatamento; desmatamento lembra floresta; floresta lembra folha; folha lembra livro; e livro lembra o que, o que? Biblioteca, gente.
E caia na risada, só ele. Na bucha um dos amigos acusava:
– Ora, Godofredo, mais uma que você copiou das palavras cruzadas do Coquetel.
E toma risadas entre eles e o papo prosseguia:
– Ô Beto, conta aquela sua decepção.
E o Beto conta que numa visita ao PROCON no antigo Fórum Olympio Borges escutou uma mulher pronunciar o nome ao atendente. Imediatamente lhe veio à memória uma colega do Grupo Escolar Marcolino de Barros. Mas seria ela mesma? Sem reparar adequadamente na fisionomia da mulher, quando a dita saiu a curiosidade foi mais forte, levando-o a interpelá-la já chegando à Rua Major Gote. Cravando profundamente os olhos nela, veio a decepção e ele suspirou consigo mesmo:
– Não, esse bucho não pode ser a Margarida, a garota mais linda do Marcolino.
Mesmo assim, ele arriscou:
– Desculpe o incômodo, Margarida, é que eu ouvi o seu nome lá no PROCON. Por um acaso você estudou no Marcolino de Barros?
– Sim.
– Ora, eu também era do Marcolino de Barros e na minha classe tinha uma aluna com o mesmo nome seu.
A mulher olhou para o Beto, cravou profundamente os olhos nele e perguntou:
– O senhor era professor de qual matéria?
Eis que no meio das gaitadas o Godofredo fez menção de soltar mais uma charada. No ato, pediram a conta.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 06/06/2014 com o título “Antiga Rodoviária no Final da Década de 1970 − 1”.