REENCONTRO DE AMIGOS

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REENCONTRO DE AMIGOSSe hoje a classe política pode ser comparada aos dejetos poluentes que a Samarco despejou sobre as nossas consciências e responsabilidades, pois fomos nós que ofertamos o poder a esta turba de sanguessugas do nosso suor, a situação nos idos tempos, se não como agora, era também turbulenta e sempre produzia muitos malfeitores a cada período eleitoral.

No início da década de 1980 um deputado estadual patense tinha uma palestra programada no salão superior do saudoso Patos Social Clube. Ainda saboreando o gostinho da vitória nas urnas, antes da solenidade resolveu dar um passeio pelas ruas do centro. Era sorriso para um lado, sorriso para o outro, apertos de mãos calorosos e longos discursos esfuziantes. Lá ia ele fogoso e serelepe quando viu um homem vendendo guloseimas na esquina da Rua Major Gote com Olegário Maciel. Aquele homem lhe chamou a atenção. Foi então que reconheceu nele um amigo de infância que não via há muitos anos. Desvencilhando-se do povo, foi até ele para dar-lhe um abraço. De terno e gravata, apresentou-se para que fosse reconhecido. O amigo encarou aquela figura imponente e conseguiu se lembrar daqueles bons tempos, primeiro no Grupo Escolar Marcolino de Barros e depois nos famosos bailes carnavalescos do Social na década de 1970.

– Há quanto tempo não te vejo, o que tem feito ultimamente? – falou o vendedor entre alegre por reencontrar o amigo depois de tanto tempo e triste por demostrar que não se deu bem na vida.

Incomodado ao ver o amigo vendendo balas numa esquina, e sem graça de dizer que tinha sido eleito deputado estadual, o de terno afirmou apenas que iria participar de uma palestra com parlamentares mineiros no salão do Social. O outro ouviu com atenção, deu mais uma corrida de olhos no engravatado e disse:

– Eita, meu amigo, você continua o mesmo mentiroso, heim? Pela vestimenta você deve ser é motorista de um daqueles caras que estão acabando com nosso país, não é?

Desenxabido, o deputado deu outro abraço no amigo e se mandou para a palestra.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Modosuavedeescrever.blogspot.com.

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