TEXTO: JOSÉ MARIA VAZ BORGES (1982)
Em outubro de 1943, um grupo de homens se uniram e foram ao Rio de Janeiro a serviço de Patos de Minas e da região. Naquela época o referido grupo sentiu a necessidade de um trabalho coeso e de alto sentido comunitário e que se deixassem de lado as pequenas diferenças político-partidárias.
Integrando-se ao grupo estavam: Cel. Francisco Cambraia Campos, Dr. Luiz Amaral, Cel. Osório Maciel, Olegário Tibúrcio de Souza (Olegarinho), Dr. Jacques Corrêa da Costa, Afonso Queiroz, Moacir Almeida Machado, Cel. Arlindo Porto, Augusto Teixeira (Varejão), João Porto Filho, Miguel Batista de Lacerda, Vicente Ferreira Filho, Arlindo Beluco, José Paulo de Amorim, José Alves da Silva, Sebastião de Castro Amorim, Sebastião Marques de Amorim, Luiz Ferreira de Barros, José Luiz Barros, Hercílio Trajano da Silva, Vicente Pereira Guimarães (Mandú), Eunápio Corrêa Borges, Boanerges Ribeiro, Leão Teotônio de Castro, Altino Queiroz, José Teófilo Piau, Sebastião Alves do Nascimento, Miguel Alves, Miguel Novato, Vicente Borges de Andrade, Oliveiro Gonçalves, Evêncio Queiroz, Jorge Veneroso, Joaquim Narciso, Alcides Silveira (Sinhô), José Augusto Queiroz, João Pereira Guimarães e outros.
O objetivo daquela caravana era entrevistar-se com o Presidente da República, Getúlio Vargas. Como intermediário do encontro estava o então Ministro da Educação Gustavo Capanema. O Presidente logo se dispôs a receber a comitiva e foi marcada a audiência. Saindo de Patos no dia 01 de outubro de 1943, a caravana foi recepcionada pela imprensa escrita e falada, curiosa em saber o objetivo da audiência com o todo poderoso Presidente Getúlio Vargas.
Os emissários patenses tinham como meta principal: dar conhecimento ao chefe de governo de seu otimismo com o progresso de nossa região que, mesmo assim estava abandonada, sem a presença da ajuda governamental. Não iam pedir nem reclamar. Queriam solicitar a presença do Presidente e do governo de Minas, em Patos. Aqui conversariam…
A caravana eclética, sem partidarismos, deslocando-se de nossa cidade, foi recebida com festas em Belo Horizonte, com entrevistas na Rádio Inconfidência e farto material nos jornais da Capital. A primeira visita oficial foi ao Secretário da Agricultura, Dr. Lucas Lopes, que os recebeu e marcou sua vinda a Patos. Demerval Pimenta, Secretário da Aviação, também os recebeu. Benedito Valadares, o governador dos mineiros, então, mandou-lhes um aviso de que teria muito prazer em receber a caravana no Rio de Janeiro, ao lado do Presidente Getúlio Vargas. E isso aconteceu de forma brilhante e cordial.
O Sr. Olegário Tibúrcio de Sousa, saudando o Sr. Benedito Valadares disse que ali estavam, homens das mais diversas tendências politicas para manifestar ao governador mineiro o seu otimismo e sua fé no progresso e desenvolvimento da região de Patos de Minas e que os governantes deveriam ter maiores atenções para os nossos problemas. Ao Senhor Presidente da República foi feito um apelo que visitasse nossa Patos e conhecesse de perto nossa potencialidade agro-pecuária.
Como sempre, foram feitas badalações por ambas as partes. E as promessas foram de tal monta que, voltando a Patos, aqueles homens de boa vontade foram festivamente recebidos em nossa cidade com fogos, banda de música, jantar festivo e baile, realizado no então fechado clube da Sociedade Recreativa Patense.
Se nada foi recebido, naqueles anos que se seguiram a viagem, ficou marcada por uma realidade que deveria ser seguida pela sociedade regional. Quando se quer realizar algo em benefício do povo, nada impede que homens até então conflitantes politicamente e partidariamente, se unam, objetivando um benefício maior.
O exemplo nos foi dado pelos homens que formaram a caravana dos “CASCAS GROSSAS”. Não seria muito interessante que, agora, neste ano eleitoral, todos nós, relembrando o grande exemplo de união dos “CASCAS GROSSAS” fizessemos um grande esforço para que possamos eleger em novembro próximo os nossos candidatos à Câmara Federal e Assembléia Legislativa? Seria o coroamento do esforço de todos estes homens, muitos deles já falecidos, que vincaram nas páginas de nossa história, um dignificante exemplo de maturidade politica. A eles a nossa homenagem e o desejo de que tenham seguidores na atualidade em que vivemos.
* Fonte: Texto publicado na edição n.º 45 de 15 de abril de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Do livro Domínios de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.