A origem deste simpático roedor é o deserto e áreas semi-desertas da Mongólia e nordeste da China. Por lá é chamado Esquilo-da-Mongólia. Por aqui, assim como EUA e Europa, simplesmente Gerbil ou ainda Gerbo. Pesa entre 50 e 100 gramas. Seu longo rabo é coberto de pêlos, com um pequeno tufo na ponta. Seus olhos são pretos ou vermelhos, e apresenta uma gama variada de cores como marrom com a barriga branca, preto, passando por tons de laranja, dourado e creme. É um animal de companhia que não requer muitos cuidados. Sua casa ocupa pouco espaço, não possui cheiro forte e não precisa de acompanhamento veterinário constante. É muito amigável, sociável e raramente morde. Quando solitário, vive comprovadamente menos (seu tempo de vida varia entre 3 a 5 anos) e tende a ser mais difícil de domesticar. Mesmo que o dono esteja em casa o dia todo, e brincando com ele constantemente, isto não compensa o fato de que ele terá de dormir sozinho, comer sozinho, e se pentear sozinho. Uma companhia é, então, essencial. Tanto machos quanto fêmeas vivem bem com uma companhia do mesmo sexo, especialmente se eles são parentes ou foram apresentados entre seis e oito semanas de vida. As fêmeas tendem a ser menos tranqüilas em grupos maiores do que dois, enquanto os machos são mais tolerantes aos outros em grupos de três ou mais. Não se recomenda juntar espécimes de grupos diferentes.
Para que o Gerbil se acostume com o dono, este não deve ter pressa. O primeiro passo é colocar uma mão no viveiro e deixar o animalzinho senti-la. É possível que o filhote tente mordiscar a mão para descobrir o que é aquilo. Isto não machuca, apenas retire a mão devagar. O filhote é propenso a fazer isso. Com o tempo, este comportamento desaparecerá. Se ao invés de beliscar suavemente o animal morder, isto é um sinal de mau temperamento ou falta de socialização desde cedo. O ideal é devolvê-lo ou trocá-lo por outro que seja mais dócil e gentil. Com o tempo ele vai se acostumar tanto com a mão que vai até subir nela, pelo braço até alcançar o ombro. Uma dica boa é oferecer sementes de girassol separadas da ração. Ele rapidamente associará suas mãos a coisas gostosas. Depois de bem familiarizado com as mãos, o dono já pode pegá-lo, sempre usando as duas mãos com muito cuidado. Não se deve jamais pegar um Gerbil pela cauda, nem mesmo pela base dela, pois isso pode quebrá-la.
A moradia recomendável é uma caixa de vidro tipo aquário com capacidade para 50 litros, pelo menos, e coberta com uma tampa de tela fina que vede com segurança, e um bebedouro de bico (a água deve ser trocada todos os dias). Há também a opção de criá-lo em gaiola. Tanto para a caixa quanto para a gaiola, existe a necessidade de forração própria (encontrada nas lojas especializadas) para absorver a urina e para ele cavar. Não se deve usar serragem de pinho ou cedro. Para local de dormir, há ninhos próprios nas lojas, mas uma simples caixa de papelão resolve. É bom evitar ninhos de plástico, pois serão mastigados em uma semana. Como forração do ninho, papel higiênico ou absorvente sem perfume cortado em tiras finas.
No quesito alimentação, há rações próprias nas lojas especializadas. Sementes de girassol são muito calóricas, por isso engordam. Uma boa idéia é separá-las e dar na mão no decorrer do dia. Isto traz um duplo benefício: primeiro, nenhum Gerbil vai acumular sementes e ficar gordo; segundo, é uma maneira ótima de torná-lo mais próximo. A comida pode ser posta diretamente na forração da gaiola. Também pode ser servida em pratinhos de cerâmica ou latas de atum. É hábito do animal enterrar o prato de comida na forração. Como opções alimentares, maçã, cenoura e couve, tendo-se o cuidado de retirar os restos diariamente.
O Gerbil é muito ativo e precisa de entretenimento constante, principalmente roer qualquer coisa para gastar os dentes. Pedaços de madeira com muitos buracos são excelentes brinquedos. É preciso ter a certeza de que a madeira não é tratada e nem de procedência duvidosa, e ainda deve ser congelada por pelo menos 72 horas para eliminar qualquer tipo de praga. Ele adora brincar com o tubo de papel higiênico.
A opção por produzir filhotes deve ser muito bem pensada. Será preciso um espaço adequado para o casal e seus filhotes. Uma vez desmamados eles precisarão ser separados em machos e fêmeas, em gaiolas separadas. Cada nova ninhada demanda atenção e cuidado até que estejam habituados com o contato humano. Um casal pode ter ninhadas a cada trinta dias, ou doze ninhadas por ano. Uma ninhada pode ter de um a oito filhotes, e se cada ninhada tiver quatro filhotes serão quarenta e oito filhotes no ano. Dois pares reprodutores farão noventa e seis filhotes em um ano. O que fazer com tantos bichinhos?
Decidida a reprodução, deve-se comprar o macho e a fêmea acima de três meses de lojas distantes entre si, de modo a se assegurar que eles não são parentes. Se eles forem filhotes (de 6 a 8 semanas) e a fêmea for do mesmo tamanho ou menor, pode-se tentar uma apresentação direta sem ser preciso separar o aquário até que se acostumem. Quando o macho e a fêmea já forem amigos, coloque-os numa área tranqüila da casa, sem barulhos altos ou muito movimento. Nunca cruze mais de uma fêmea na mesma gaiola, pois elas brigarão até a morte pelos machos. A fêmea grávida não precisa de cuidados especiais (gestação entre 24 e 28 dias), apenas de um reforço de proteínas na ração, como ovo cozido ou amendoim. Quando os bebês estiverem nascendo é melhor não perturbar os pais. Se nascer apenas um filhote ou apenas um sobreviver ao parto, possivelmente não haverá estimulação suficiente para a mãe produzir leite. A melhor coisa a fazer é colocá-lo junto a uma ninhada de outro criador.
Depois do nascimento, normalmente o pai é rejeitado no ninho durante 24 a 48 horas, enquanto a mãe atende os bebês. É importante que nos primeiros dias após o nascimento não se mexa em nada do ambiente, principalmente retirar o macho. Qualquer mudança poderá fazer com que a mãe gaste muito tempo arrumando a casa, negligenciando deste modo os filhotes.
É recomendável pegar os filhotes pela primeira vez, e com muito cuidado, somente a partir de uma semana de vida. É possível identificar o sexo a partir dos dez dias. Apenas as fêmeas têm mamilos, e eles aparecem como pequenas depressões debaixo dos braços, nas laterais da barriga e sobre as coxas. Entre 10 e 20 dias, os filhotes já estarão bem cobertos de pêlos, podendo-se determinar com precisão suas cores. A tabela de cores da AGS poderá ajudar. A partir dos 17 dias eles abrirão os olhos.
Com três semanas de vida os filhotes começarão a mordiscar a comida. Ainda precisam do leite da mãe até cerca de cinco semanas. O desmame é um processo gradual, que leva cerca de duas semanas. Pode-se alimentar os bebês no período de desmame com sementes de girassol descascadas, pedaços de amendoim sem casca, flocos de milho e sementes macias como as de ração de canário, complementando a ração normal. Deve-se borrifar um pouco de água perto do bebedouro para instigar os filhotes a alcançá-lo. Normalmente, quando os filhotes tiverem cinco semanas, uma nova ninhada estará chegando (embora ela possa chegar de 4 a 8 semanas depois da primeira). Todos os filhotes devem ser removidos para sua própria gaiola quando a mãe demonstrar estar prestes a parir.
Recomenda-se esperar seis semanas até vender ou dar os filhotes. Eles estarão maiores e mais fortes, terão algum tempo para se acostumar a viver longe dos pais em sua própria gaiola e são mais facilmente identificáveis por gênero. Até a quarta semana machos e fêmeas parecem idênticos, mas a partir da sexta semana os testículos dos machos ficarão bem aparentes.
Resumindo, o Gerbil é uma boa opção para animal de companhia, pois não precisa de vacinas, não ocupa muito espaço, tem preço bastante acessível e manutenção mensal barata, faz pouco barulho, é bastante adestrável, não precisa de banho e não possui odor desagradável, desde que seja aplicada a manutenção corretamente.
* Fonte: Manual do Gerbil – Latino America Gerbils /American Gerbil Society, tradução de Luciana Grings.
* Foto 1: Worldbook.com.
* Foto 2: Allieiswired.com.