LANÇADO O PROJETO AURORA

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O café da manhã deve ser a principal refeição do ser humano e por isso muitos nutricionistas afirmam que no início do dia devemos comer mais e melhor, para, nas refeições seguintes, diminuirmos a quantidade de comida ingerida. Os americanos que o digam, pois nisso eles são especialistas. No seu “breakfast”, eles se servem de ovos, torradas, cereais e muitos outros alimentos ricos em fibras e energia, enquanto nós, brasileiros, preferimos um cafezinho simples com o famoso pão francês. Porém, muitos não comem nada pela manhã, seja pela falta de tempo, por falta de costume ou mesmo por falta de dinheiro, e essa é uma constante no despertar da maior parte dos bóias-frias do município. De acordo com levantamento feito pela Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (SMTAS), alguns requentam o café do dia anterior e tomam-no puro, sem o acompanhamento de um pedaço de biscoito, sequer, mas outros ficam em completo jejum. Foi pensando em atender a esses trabalhadores que a divisão de trabalho da SMTAS desenvolveu o Projeto Aurora.

Cardápio variado

O Projeto Aurora foi lançado em Patos de Minas no dia 16 de julho [1997] e consiste na distribuição de pão, leite e café para o trabalhador rural bóia-fria antes de sua ida para o local de trabalho. Segundo informações do Chefe da Divisão de Trabalho, Laércio Rocha, só na abertura do programa 750 pessoas foram atendidas nos dois postos de distribuição do café: na Associação de Moradores do Bairro Alto da Colina e no Cristavo. “A surpresa maior foi quando no segundo dia cerca de 950 trabalhadores tomaram conosco o seu café da manhã”, diz ele. Um exemplo são os números anotados no posto de distribuição do Bairro Alto da Colina: 200 pessoas no primeiro dia e 450 no segundo. “Mas a nossa expectativa vai bem mais além”, revela Laércio. “Nos meses de pico, que são agosto e setembro, pretendemos atender a mais de 2 mil trabalhadores”.

O cardápio tem variação. Em alguns dias, o pão de sal, que é feito na padaria comunitária que a prefeitura mantém no Cristavo, poderá ser substituído por pães doces, roscas ou mesmo biscoitos. “Estamos recebendo total apoio do chefe dos padeiros e de toda a sua equipe. Inclusive, eles não estão cobrando nada pelas horas extras necessariamente trabalhadas para que o projeto possa ser perfeitamente atendido”, alegra-se Laércio.

O café da manhã é distribuído gratuitamente todos os dias, a partir das 5 horas da manhã. O gasto diário da prefeitura com cada bóia-fria é de apenas R$ 0,22 centavos. “E isso não é despesa, é investimento, pois se trata do retorno mínimo que o município pode oferecer para esses trabalhadores que também ajudam no crescimento da cidade”, esclarece Laércio, avisando ainda que no momento o projeto é provisório, mas que no ano que vem ele estará dentro do cronograma da Secretaria. O chefe de divisão conta que “sentiu na pele” a alegria dos bóias-frias ao receberem o benefício. “Foi a experiência mais emocionante da minha vida”, ele revela.

Parcerias

A Divisão de Trabalho da SMTAS está contando com a parceria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais para a mobilização dos bóias-frias. Membros do Sindicato estão fazendo ronda de madrugada nos pontos de parada dos caminhões e ônibus que transportam os trabalhadores. A entidade também está cadastrando os bóias-frias. Outra parceria importante para o projeto é a do Cristavo, que sob a coordenação de Moacir Viana, é o ponto de preparação do café, que começa a ser feito às 3 da manhã, e depois é transportado pelo motorista Charles Dumont, para a sede da Associação dos Moradores do Bairro Alto da Colina. “Lá, encontramos parceiros importantes como o senhor Vicente Camilo, o Tatu, que também participa da distribuição do café” − ressalta Laércio.

O chefe da seção, Carlos Roberto da Silva. esteve preparando uma ficha para o levantamento sócio-econômico dos bóias-frias de Patos de Minas. Ele revela que já observou um número pequeno de crianças trabalhando na atividade e que o grupo é bem heterogêneo. “Dentro de 30 dias, teremos o perfil do bóia-fria do município”, comenta ele.

Segundo Laércio Rocha, em conversa com os diretores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, eles revelaram que irão incluir a obrigatoriedade dos veículos de transporte do bóia-fria passarem pelos postos de distribuição de café na convenção do setor. “Isso prova que o projeto está indo de ‘vento em popa’, e que é de grande alcance social” − explica Laércio.

O Projeto Aurora é sazonal e deve compreender os meses de maio a setembro.

* Fonte e foto: Texto publicado com o título “O café do bóia-fria” e subtítulo “Projeto da SMTAS reforça alimentação do trabalhador” na edição de 28 de julho de 1997 do jornal O Tablóide, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann.

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